Israel ataca mísseis e armas químicas da Síria após queda de Assad
Ministro das Relações Exteriores israelense afirmou que objetivo é evitar que o arsenal do governo caia nas mãos dos rebeldes sírios

O ministro das Relações Exteriores de Israel, Gideon Sa’ar, confirmou nesta segunda-feira, 9, que seu país realizou ataques contra supostos locais de armazenamento de armas químicas e mísseis de longo alcance na Síria, para evitar que o arsenal do governo caia nas mãos dos rebeldes que derrubaram o regime de Bashar al-Assad.
“O único interesse que temos é a segurança de Israel e de seus cidadãos. É por isso que atacamos sistemas de armas estratégicas, como, por exemplo, armas químicas remanescentes, ou mísseis e foguetes de longo alcance, para que não caiam nas mãos de extremistas”, disse Sa’ar, sem especificar quais locais foram atacados.
No domingo 8, ataques aéreos atribuídos a Israel atingiram o distrito de Mazzeh, na capital Damasco, e as bases aéreas de Khalkhala, no sul da Síria, e da cidade de Suweida, que tem um grande estoque de foguetes e mísseis deixados pelos soldados sírios.
Em 2013, a Síria concordou em abrir mão de seu estoque de armas químicas depois que o governo foi acusado de lançar um ataque nos arredores de Damasco que matou centenas de pessoas. No entanto, acredita-se algumas das armas tenham sido guardadas mesmo assim, e o governo foi acusado de usá-las novamente nos anos seguintes.
Por muitos anos, a Síria também foi usada como rota de passagem para armas iranianas enviadas aos grupos radicais que o regime dos aiatolás apoiam pelo Oriente Médio – incluindo a milícia libanesa Hezbollah, que firmou um instável cessar-fogo com Israel no mês passado.
Rebeldes tomam o poder
A declaração do ministro israelense ocorre após grupos rebeldes tomarem o poder na Síria, derrubando o governo do presidente sírio Bashar al-Assad. O ditador deixou ordens para uma “transição pacífica de poder”, de acordo com Moscou, e fugiu para a Rússia, sua aliada, encerrando quase 14 anos de guerra civil entre as forças do ditador e os rebeldes jihadistas.
Agora, porém, a Síria ficou dividida entre vários grupos armados, levantando preocupações sobre um potencial vácuo de segurança na região.
Logo após a queda de Assad, Israel também tomou posse de uma zona-tampão nas Colinas de Golã, criada por um acordo de cessar-fogo de 1974 com a Síria. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse no domingo que o pacto de cinquenta anos havia entrado em colapso e que os soldados sírios haviam abandonado suas posições, “forçando” os militares israelenses a ocuparem o local.
Sa’ar disse à emissora americana CNN que as Forças de Defesa de Israel (IDF) assumiriam o “controle temporário de áreas estratégicas perto da fronteira” para “prevenir um cenário semelhante ao ataque de 7 de outubro pela Síria”. O ministro acrescentou que a queda do governo não era surpresa, já que Assad “se apoiou por muito tempo em forças estrangeiras em vez do apoio de seu próprio povo”.