Irã e EUA retomam diálogo sobre novo pacto nuclear
Países concordaram em designar especialistas para trabalhar na estrutura de um eventual acordo

Irã e Estados Unidos deram um passo inicial rumo à retomada de um possível pacto nuclear. Neste sábado, 19, o ministro das Relações Exteriores iraniano, Abbas Araqchi, afirmou que ambos os países concordaram em designar especialistas para trabalhar na estrutura de um eventual acordo.
A declaração foi dada após a segunda rodada de negociações indiretas mediadas por Omã, realizadas em Roma. Araqchi conversou por cerca de quatro horas com o enviado do governo Trump ao Oriente Médio, Steve Witkoff, por meio de um representante omanita. Não há detalhes sobre como os especialistas serão escolhidos.
A movimentação ocorre após a ameaça de Donald Trump de uma ação militar caso não haja um entendimento rápido que impeça o Irã de obter armas nucleares. Durante seu primeiro mandato, Trump retirou os Estados Unidos do acordo nuclear de 2015, conhecido como Plano de Ação Conjunto Global (JCPOA, na sigla em inglês), firmado entre o Irã e um grupo de potências – incluindo EUA, Reino Unido, França, Alemanha, Rússia e China – com o objetivo de limitar o programa nuclear iraniano em troca do alívio de sanções econômicas.
Araqchi classificou o diálogo como “útil” e feito em um “ambiente construtivo”. Segundo ele, houve avanço em princípios e objetivos, e a expectativa é que a próxima fase, com encontros técnicos em Omã, comece já na quarta-feira, 23. Um novo encontro de alto nível está previsto para sábado, com o objetivo de revisar o progresso dos especialistas.
Apesar do progresso, o ministro reforçou o tom cauteloso adotado pelo líder supremo Ali Khamenei na semana anterior: “Não posso dizer que estou otimista, mas também não vejo motivos para pessimismo excessivo”.
Do lado americano, ainda não houve declarações oficiais. Na sexta-feira, Trump reiterou que impedir o Irã de desenvolver armas nucleares é prioridade. “Eles não podem ter uma arma nuclear. Quero que o Irã seja grande, próspero e extraordinário”, disse a repórteres.
Israel, principal aliado dos EUA na região e historicamente contrário ao acordo de 2015, considera a possibilidade de atacar instalações nucleares iranianas nos próximos meses, segundo fontes ligadas ao governo em Tel Aviv.
Desde 2019, o Irã tem violado os limites do pacto, acumulando urânio enriquecido em níveis superiores aos previstos para fins civis. Um funcionário iraniano de alto escalão afirmou à agência Reuters, sob anonimato, que Teerã não aceitará desmontar suas centrífugas, cessar totalmente o enriquecimento ou reduzir estoques além dos níveis acordados no pacto anterior.