Indicado de Trump é eleito e BID será presidido por americano pela 1ª vez
Mauricio Claver-Carone assume em outubro e terá mandato de cinco anos; decisão rompe tradição de mais de 60 anos
Os países que compõem o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) elegeram neste sábado, 12, o americano Mauricio Claver-Carone para presidir a instituição. A decisão quebra a tradição de mais de 60 anos de ter um nome da América Latina na chefia do banco.
Claver-Carone, conselheiro sênior de Donald Trump para a América Latina, disse aos governadores do banco antes do início da votação que ele seria “um defensor apaixonado” do BID, de seus funcionários e da região. Ele servirá por um mandato de cinco anos.
O americano obteve o respaldo de 66,8% do capital votante. Apoiaram sua candidatura na região os governos do Brasil, Paraguai, Peru, Colômbia e Bolívia, entre outro
A Argentina, europeus e o México chegaram a articular um boicote à eleição do americano, que foi frustrado após o governo dos Estados Unidos agir nos bastidores para desmobilizar a resistência. Na sexta-feira 11, depois que os mexicanos desistiram de sua tentativa de adiar a eleição, os argentinos retiraram a candidatura à presidência do banco e Claver-Carone passou a ser o único candidato.
A presidência do principal banco de desenvolvimento da América Latina é de um dos países da região desde a criação do BID, em 1959. Como maiores acionistas do fundo no mundo, os Estados Unidos sempre ficaram de fora do rodízio. Trump, porém, quebrou a tradição.
O atual presidente, Luis Alberto Moreno, foi eleito em 2005 e reeleito em 2010 e 2015. Claver-Carone assume em outubro.
O governo de Jair Bolsonaro havia indicado Rodrigo Xavier, ex-presidente dos bancos UBS e Bank of America no Brasil para o cargo e esperava que o governo de Donald Trump apoiasse a nomeação. A Casa Branca, porém, optou por escolher seu próprio representante.
Grande aliado americano, o Ministério das Relações Exteriores decidiu então abrir mão de sua indicação e apoiou a eleição de Claver-Carone, em uma medida criticada por outros países e opositores do governo.
De maneira semelhante, na última eleição para presidente do BID, os Estados Unidos deixaram o Brasil na mão para apoiar o atual chefe da instituição, Luis Alberto Moreno.