Incêndio, terremoto, inundação, furacão: as tragédias naturais de 2019
Pelo menos 597 pessoas morreram em 14 graves desastres; maioria dos eventos está relacionada ao aquecimento global
O ano não foi nada fácil em várias partes do mundo atormentadas por fenômenos naturais e outros desastres, como os incêndios, quase sempre resultados de uma contribuição humana direta. Pelo menos 597 pessoas morreram em 14 casos de queimadas florestais, inundações, furacões, terremotos e até erupções vulcânicas em 2019, sem incluir a 500 vítimas fatais da cólera em Moçambique, doença que se espalhou depois da passagem de dois ciclones. Dos Estados Unidos à Nova Zelândia, passando pela Itália, Austrália, Índia, Albânia, Moçambique e Indonésia, as tragédias listadas por VEJA são apenas as mais dramáticas. O mundo terá perdido muito mais vidas e patrimônio natural em acidentes quase sempre relacionados ao aquecimento global – tema ainda tratado com ceticismo e omissão por boa parte dos governantes.
Ciclones em Moçambique
Os ciclones Kenneth e Idaí devastaram Moçambique em abril e causaram um surto de cólera sem precedentes. Antes da tempestade Kenneth atingir Moçambique, as autoridades locais há haviam removido cerca de 30.000 pessoas cujas casas estavam na rota do ciclone. Ainda assim, sua passagem provocou a morte de 38 pessoas. Mais de 500 vítimas fatais foram registradas depois de o país ser atingido pelo Idaí, que matou no Zimbábue 181 mortes e, no Malawai, 59.
Calorão na Europa
Uma onda infernal de calor atingiu a Europa nos meses de junho e julho, com temperaturas que ultrapassaram os 40º C. Alemanha, Holanda e Paris, na França, quebraram recordes de temperatura, que não eram tão altos desde o verão de 2003, responsável por arrebatar mais de 70.000 vidas. No fim de julho, as mortes provocadas pelas altas temperaturas chegaram a 15.
Inundações na Índia
As chuvas torrenciais no sul da Índia, sobretudo no estado de Kerala, provocaram 65 mortes entre o final de julho e o início de agosto. Cerca de 200.000 pessoas ficaram desabrigadas e tiveram de buscar refúgio em 3.000 acampamentos de emergência. Milhares de soldados das Forças Armadas foram mobilizados para ajudar os que ficaram isolados. O governo estimou, na época, prejuízos de 2,6 bilhões de euros.
Vulcão Stromboli
Um dos três vulcões ativos da Itália, o Stromboli entrou em erupção em julho e, depois, em agosto, Stromboli entrou em erupção, aterrorizando turistas, que se atiraram no mar para se proteger. O fenômeno gerou dois rios de lava e uma chuva de fogo, incendiando a vegetação da ilha. No primeiro incidente, um fotógrafo italiano morreu, e um turista brasileiro ficou ferido. No segundo, não houve feridos.
Incêndios na Amazônia
A Amazônia entrou com força nos noticiários de todo o mundo em agosto deste ano, quando 30.901 focos de incêndio na floresta foram identificados – foi o pior mês desde 2010. São Paulo virou noite por conta da fumaça das queimadas, que chegara até o sudeste do país. As respostas do presidente Jair Bolsonaro à destruição da Amazônia geraram desgaste na imagem do Brasil no exterior e estresse com líderes europeus.
Incêndios na Austrália
A Austrália foi atingida por incêndios florestais sem precedentes a partir de agosto de 2019. O fogo já queimou uma área de 30.000 quilômetros quadrados, maior do que o estado de Alagoas, e ainda segue ativo no estado de Nova Gales do Sul, no sudoeste do país. Em Sidney, a infraestrutura de suprimento de água para a população foi ameaçada pelas chamas na época do Natal. Ao menos seis pessoas morreram e mais de 680 casas foram destruídas. Além das vidas humanas, mais de 1.000 coalas morreram com o fogo.
Terremoto no Paquistão
Tremor de 5,6 graus na escala Richter atingiu em 24 de setembro a parte da Caxemira controlada pelo Paquistão. Pelo menos 40 pessoas morreram e outras 850 ficaram feridas, após o encerramento dos trabalhos de resgate. Três pontes foram danificadas, assim como rodovias. O terremoto foi sentido também na Índia e outras partes do Paquistão.
Terremoto Indonésia
Um terremoto de 6,5 na escala Ritcher provocou a morte de 30 pessoas, deixou centenas de feridos e arrasou cidades na Indonésia em 26 de setembro. O epicentro do abalo se deu nas Ilhas Molucas. A região é altamente vulnerável a tremores e outros desastres naturais, como tsunamis e inundações.
Furacão Dorian
No início de setembro, o furacão Dorian chegou às Bahamas e causou prejuízos calculados em 7 bilhões de dólares (cerca de 28,6 bilhões de reais) e matou pelo menos 58 pessoas. Após passar pelo Caribe como um furacão categoria 5 na escala Saffir-Simpson, a mais forte, tocou solo nos estados da Carolina do Norte e do Sul, nos Estados Unidos, mas como categoria 1.
Incêndios na Califórnia
O fogo na Califórnia destruiu mais de 1.000 quilômetros quadrados em 2019 e deixou cinco mortos. A maior parte dos incêndios aconteceu no final de outubro e começo de novembro. Apesar de terem deixado muita destruição, causaram menos impacto do que nos dois anos anteriores, quando 7.300 e 5.260 quilômetros quadrados foram queimados.
Terremoto Albânia
A terra tremeu violentamente na Albânia em novembro de 2019. Um terremoto de magnitude 6,4 na escala Richter matou 51 pessoas, feriu cerca de 2.000 e desabrigou 4.000 moradores na capital, Tirana, e arredores. Segundo o governo, 2.365 prédios foram seriamente danificados.
Maré alta em Veneza
A cidade italiana de Veneza registrou, em novembro, uma histórica “acqua alta” (maré alta), quando o nível da água atingiu 1,87 metro, o maior desde 1966. Ao menos duas pessoas morreram por causa da enchente, que foi uma das três de grande magnitude ocorridas nos últimos 20 anos – a última foi em 2018. Pontos históricos, como a Basílica de San Marcos, foram severamente afetados. A cripta, onde estão os sarcófagos dos patriarcas e obras de arte ficou inundada.
Nova Zelândia
O vulcão localizado na ilha de Whakaari, na Nova Zelândia, entrou em erupção em 9 de dezembro enquanto 47 turistas visitavam o local. A súbita ira do vulcão matou 18 pessoas e feriu outras 29. Uma expedição à ilha, liderada pelo Exército neozelandês e sob a ameaça constante de uma nova erupção, resgatou seis corpos. Mas ainda há dois desaparecidos.
Tufão nas Filipinas
Com ventos de até 195 km/h, o tufão Phanfone ou Úrsula deixou um rastro de destruição na região central das Filipinas nos dias 25 e 26 de dezembro. Pelo menos 28 pessoas morreram, duas ficaram feridas e 12 desapareceram. Mais de 39.000 pessoas tiveram de deixar suas casas e buscar abrigos, e 90 municípios ficaram sem eletricidade. O prejuízo material foi estimado em cifra equivalente a 45,4 milhões de reais.