Imagem da semana: Um show da natureza
O vulcão Fagradalsfjall, na Islândia, encravado na pequena cidade de Grindavik, a apenas 40 quilômetros da capital Reykjavik, voltou a acordar da hibernação
A cena foi de tirar o fôlego, espetacular — mas perigosa e assustadora, claro, para quem vive ao pé da montanha. No domingo 14, o vulcão Fagradalsfjall, na Islândia, encravado na pequena cidade de Grindavik, a apenas 40 quilômetros da capital Reykjavik, voltou a acordar da hibernação. Um dia após as autoridades ordenarem a evacuação dos cidadãos, como medida de emergência, uma fenda se abriu no solo e por ela passou a lava, a um só tempo bela e preocupante. Em novembro do ano passado, grande parte dos 3 000 moradores do lugar já tinha feito as malas e se instalado em residências afastadas o suficiente do risco. Naquela oportunidade, o entalhe no solo ganhou dimensão exagerada. Agora, contudo, embora a fenda seja menor, ela brotou muito próxima da comunidade de pescadores. Os especialistas insistem em afastar a possibilidade de tragédia humana, dado o esvaziamento dos lares, e mesmo danos severos para o ambiente. Explica-se: o fluxo incandescente rapidamente se dissipou e, devido sua constituição, não resultará em cinzas expelidas para o ar, que quase sempre resultam em fechamento do espaço aéreo. As estradas, porém, por segurança, permanecem fechadas. Foi um susto, mas convém lembrar que os islandeses estão habituados a sobressaltos geológicos. Há, em todo o país insular nórdico, 32 vulcões ativos, prontos a entrar em atividade. E fica a lembrança de um verso de Carlos Drummond de Andrade: “A natureza dá shows em forma de vulcão”.
Publicado em VEJA de 19 de janeiro de 2024, edição nº 2876