Idosos bloqueiam ruas na Venezuela para exigir pagamento de aposentadoria
Aposentados sofrem para fazer compras básicas de alimentos e medicamentos diante de hiperinflação e da escassez de dinheiro em espécie
Apoiados em suas bengalas, sentados em cadeiras de plástico e em pé e de mãos dadas, idosos bloquearam nesta quarta-feira (18), de mãos dadas, as ruas de várias cidades da Venezuela para exigir o pagamento de suas aposentadorias em dinheiro. No centro de Caracas, cerca de 200 aposentados pararam o trânsito na avenida Urdaneta, a poucas quadras do palácio presidencial de Miraflores.
“Não estão pagando a aposentadoria (completa), estão nos pagando apenas dois milhões” de bolívares em espécie, disse Basilio Octo, referindo-se ao valor correspondente a 17 dólares na cotação oficial e a 60 centavos de dólar, no mercado negro. A quantia – um quarto de sua aposentadoria – só dá para comprar 15 ovos, queixou-se Octo.
Com 68 anos, este homem se uniu à manifestação em Urdaneta depois de permanecer na fila em frente a um banco desde a a madrugada.
Na Venezuela, as células são escassas porque sua impressão não acompanhou a escalada da hiperinflação. Segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), a variação de preços ao consumidor pode superar 13.800% neste ano.
Em alguns mercados, alimentos e produtos básicos – muito escassos nas prateleiras – custam até três vezes menos se forem pagos em dinheiro.
Dezenas de aposentados também protestaram em Ciudad Bolívar (sul), San Francisco e Maracaibo (oeste), onde algumas entidades informaram que o limite de dinheiro em espécie foi fixado pela Superintendência de Bancos.
Firmes, os idosos impediram a passagem de motociclistas que tentavam furar o bloqueio e expulsaram pessoas que expressavam seu apoio ao governo de Nicolás Maduro.
Em 20 de junho, Maduro aumentou o valor das aposentadorias para 4,2 milhões de bolívares. Mas somente um quilo de carne chega a custar cinco milhões de bolívares. Nesta quarta-feira, os aposentados cobraram o efeito retroativo deste aumento, pelo qual deveriam receber o dobro.
Chorando, Beatriz Mercado, de 79 anos, se questionava o que faria com os dois milhões se, apenas na farmácia, gasta 12 milhões em medicamentos.
Segundo a ONG Observatório Venezuelano de Conflito Social, foram registrados 5.300 protestos na Venezuela no primeiro semestre de 2018.
(Com AFP)