Hong Kong tem confrontos às vésperas do aniversário da revolução comunista
China celebra 70 anos do atual regime em meio a manifestações pró-democracia no território semiautônomo
Milhares de manifestantes pró-democracia seguem mobilizados neste domingo, 29, em Hong Kong, apesar da proibição do governo regional e da repressão das forças de segurança. Os protestos acontecem às vésperas do aniversário de 70 anos da revolução comunista na China, que será celebrado pelo regime de Pequim na terça-feira 1º.
Neste domingo, a polícia usou canhões de água e bombas de gás lacrimogêneo para tentar dispersar a marcha em um bairro empresarial, no centro da cidade. Os manifestantes responderam com pedras e coquetéis molotov. Este é o 17º fim de semana seguido de atos na cidade. A marcha não recebeu autorização do governo regional, alinhado a Pequim.
Alguns manifestantes radicais vandalizaram estações de metrô e arrancaram bandeiras proclamando as comemorações do 70º aniversário da República Popular da China. Outros carregavam bandeiras “Chinazi”, uma sátira da bandeira chinesa na qual as estrelas amarelas formam uma suástica.
Atos em solidariedade em movimento pró-democracia em Hong Kong também foram registrados neste domingo em Taiwan e na Austrália.
Pequim prepara uma série de eventos para comemorar a criação da República Popular da China em 1949, incluindo uma enorme parada militar na terça, que reflete a ascensão do país, a segunda economia mundial, como uma superpotência global.
Histórico
As manifestações que ocorrem em Hong Kong desde o início de junho foram desencadeadas por um projeto de extradições para a China continental, agora abandonado. O movimento ampliou as suas reivindicações, exigindo agora eleições livres e menos interferência de Pequim.
Sob o princípio “um país, dois sistemas” – em vigor até 2047 – Hong Kong teoricamente goza de certas liberdades que não são usufruídas pelos cidadãos do resto da China, como liberdade de expressão, acesso irrestrito à internet e independência do sistema Judiciário.
Os ativistas de Hong Kong, que consideram que esse princípio não está sendo respeitado, descreveram a terça-feira, o dia que comemora a criação da China comunista, como o “Dia da Dor”. Os estudantes da ex-colônia britânica convocaram uma greve na segunda-feira e os manifestantes pró-democracia instaram o povo de Hong Kong a protestar e usar preto na terça.
Na última década, Hong Kong – um importante centro financeiro – foi palco de ondas de desobediência civil, especialmente em 2014 com o Movimento dos Guarda-Chuvas, quando manifestantes ocuparam as principais avenidas e prédios do governo para exigir o sufrágio universal. Pequim não cedeu às suas demandas.
(Com Agência France-Presse)