Hiroshima e Nagasaki 75 anos depois: ataques transformaram Japão e o mundo
Trágico capítulo da história da humanidade levou a mudanças na sociedade japonesa e deixou cicatrizes permanentes nos sobreviventes
Por Caio Saad, Julia Braun e Caio Mattos
Atualizado em 22 jul 2021, 10h37 - Publicado em 6 ago 2020, 08h47
Fotografia do distrito comercial do centro da cidade. Apenas restos de escombros e alguns postes permaneceram após a explosão e os incêndios resultantes. (U.S. National Archives/.)
Continua após publicidade
1/15 Visão aérea de Hiroshima antes do bombardeio de 1945 e logo após o ataque (The National Archives/Handout/Reuters)
2/15 Memorial da Paz de Hiroshima (Hiroshima Peace Memorial Museum (top) and Shigeo Hayashi/Hiroshima Peace Memorial Museum (bottom)/Reuters)
3/15 Prédio da Exposição Comercial da Prefeitura de Hiroshima antes do bombardeio e após o ataque. Local foi apelidado de Memorial da Paz de Hiroshima (Hiroshima Peace Memorial Museum (top) and Shigeo Hayashi/Hiroshima Peace Memorial Museum (bottom)/Reuters)
4/15 Fotografia do distrito comercial do centro da cidade. Apenas restos de escombros e alguns postes permaneceram após a explosão e os incêndios resultantes. (U.S. National Archives/.)
5/15 Porto de Ujina, este porto relativamente pequeno foi desenvolvido como o porto de Hiroshima e foi um dos principais depósitos de embarque do Exército Japonês durante a Segunda Guerra Mundial (U.S. National Archives/.)
6/15 Estação de Hiroshima antes da explosão da bomba (Visual History of Nostalgic Station/Kokusho-kankoukai/.)
7/15 Olhando para o rio acima em Motoyasu-gawa, em direção ao edifício comercial de exibição da cidade (cúpula), que ficava diretamente abaixo da detonação do ponto zero (U.S. National Archives/.)
8/15 Vista aérea da área densamente construída de Hiroshima ao longo do Motoyasu-gawa (U.S. National Archives/.)
9/15 Olhando para o nordeste ao longo de Tera-machi, a Rua dos Templos. Distrito que foi completamente arruinado (Mitsugi Kishida/Teppei Kishida/Hiroshima Peace Memorial Museum/Reuters)
10/15 A fumaça sobe mais de 60.000 pés no ar sobre Nagasaki, no Japão (U.S. Air Force/Handout/Reuters)
11/15 As pessoas passam pela devastação causada pela bomba atômica em Nagasaki, Japão, em 17 de março de 1948 (Department of Energy/Lawrence Berkeley National Laboratory/Reuters)
12/15 O Centro de Promoção Industrial da Prefeitura de Hiroshima após a explosão da bomba (Shigeo Hayashi/Hiroshima Peace Memorial Museum/Reuters)
13/15 Devastação causada pela bomba atômica é vista em Nagasaki, Japão, em 17 de março de 1948 (Department of Energy/Lawrence Berkeley National Laboratory/Reuters)
14/15 Casas e prédios destruídos são vistos após o bombardeio atômico de Hiroshima, nesta foto de 7 de agosto de 1945 (Mitsugi Kishida/Teppei Kishida/Hiroshima Peace Memorial Museum/Reuters)
15/15 Devastação é vista nas proximidades do 'marco zero' após o bombardeio atômico de Hiroshima, no Japão (Department of Defense/Department of the Air Force/Reuters)
É difícil esquecer o impacto avassalador de bombas com poder destrutivo de dezenas de milhares de toneladas de explosivos. Para os sobreviventes dos bombardeios atômicos de Hiroshima e Nagasaki, no Japão, as imagens de agosto de 1945 estarão para sempre guardadas como um momento de horror e medo.
Os japoneses relembram nesta quinta-feira, 6, 75 anos desde que os Estados Unidos lançaram o primeiro ataque com bomba atômica do mundo na cidade de Hiroshima, seguido pelo segundo e último, três dias depois, em Nagasaki, vaporizando vidas, prédios e a disposição do Japão para a guerra. Mais de 200.000 pessoas morreram.
Imagens de arquivo mostram a Hiroshima pré-bomba como uma cidade agitada e próspera, com homens embarcando em bondes, mulheres elegantemente vestidas com quimonos e crianças com uniformes escolares caminhando sob flores de cerejeira que pairavam nas ruas comerciais. Após a explosão, destroços e metais retorcidos se estendiam quase sem fim ao horizonte. Postes de eletricidade e árvores nuas acompanhavam um punhado de prédios sem janelas que pareciam ter resistido ao impossível.
Em anos anteriores, o país organizou memoriais anuais e renovou promessas por um mundo livre de armas nucleares na data. As cerimônias deste ano serão menores por causa da pandemia de Covid-19, com menos assentos e mensagens por vídeo de dignatários. Ainda assim, a data não será esquecida.
Cicatrizes aparentes
Localizada a 150 metros do epicentro da explosão atômica de 6 de agosto de 1945, a Cúpula Genbaku é um duro lembrete da devastação sofrida pelas cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki. O antigo prédio da prefeitura, uma das poucas construções próximas ao epicentro da bomba que restou em pé, hoje serve como uma espécie de metáfora para os sobreviventes.
A cidade se reergueu ao redor do prédio inaugurado em 1915 e hoje Memorial da Paz de Hiroshima, em homenagem às mais de 140.000 pessoas mortas no ataque dos Estados Unidos há 75 anos contra a cidade, mas com cicatrizes aparentes. Nos anos seguintes, mesmo no calor, era comum ver pessoas com chapéus e casacos para cobrir ferimentos e queimaduras.
Continua após a publicidade
A tragédia também gerou um movimento contra a proliferação das armas nucleares. Como explica o químico Masakatsu Yamazaki, do Instituto de Tecnologia de Tóquio, foi apenas após o fim da ocupação Aliada que os japoneses se mobilizaram contra os armamentos nucleares. Durante a ocupação, encerrada em 1952, a máquina de censura limitava o conhecimento da população sobre a ameaça nuclear.
O primeiro episódio de protestos se deu após um teste nuclear americano no início de 1954 no Atol de Bikini, nas ilhas Marshall, a 4.000 quilômetros da costa japonesa. A tripulação de um navio japonês foi atingida pelas partículas radioativas, mas, mesmo assim, os Estados Unidos continuaram os testes, contaminando os peixes da região. Até meados de 1955, já havia uma petição com as assinaturas de mais de um terço de toda a população japonesa. No mesmo ano, o governo japonês aprovou uma lei que bania o uso militar da energia nuclear.
O medo de uma guerra nuclear, porém, já pairava sobre grande parte da população antes mesmo das bombas de Hiroshima e Nagasaki, e agosto de 1945 apenas tornou os temores reais. “O medo que já existia cresceu e se estendeu por todo o período da Guerra Fria”, diz James Hershberg, professor de História da Universidade George Washington.
“A opinião pública sobre a proliferação de armas nucleares é pendular. Há períodos em que há muita preocupação, mas depois o tema deixa de interessar”, diz Jeffrey Knopf, professor da Middlebury College, nos Estados Unidos. “Sempre que progredimos no controle, algumas pessoas parecem acreditar que o problema nuclear foi resolvido. Mas, enquanto existirem armas nucleares, o perigo ainda estará lá”.
1/19 Vista de Hiroshima após o lançamento da bomba atômica. Estima-se que cerca de 90% da cidade tenha sido destruída com as explosões e incêndios (Foto: B. Hoffman/Getty Images/VEJA)
2/19 O avião “Enola Gay”, modelo B-29, lançou a bomba atômica sobre Hiroshima. A aeronave recebeu este nome em homenagem à mãe do piloto Paul Tibbets, Enola Gay Tibbets (Foto: Keystone/Getty Images/VEJA)
3/19 Apelidada de “Little Boy”, a bomba lançada sobre Hiroshima tinha cerca de três metros de comprimento e pesava quatro toneladas. Contendo 60 kg de urânio-235, sua potência equivaleu a quase 15.000 toneladas de explosivos TNT. Na foto, uma cópia da bomba lançada no Japão (Foto: MPI/Getty Images/VEJA)
4/19 Em Hiroshima, vista aérea do cogumelo atômico, nome dado à nuvem de fumaça que se forma após a explosão da bomba atômica. Depois do ataque, a cidade ficou sem luz devido à espessa camada de fumaça que se formou, impedindo os raios de sol de passarem (Foto: Hulton Archive/Getty/VEJA)
5/19 Hiroshima em foto de 1945. A explosão atingiu um raio de 2000 metros do marco zero da bomba, destruindo completamente uma área de oito quilômetros quadrados (Foto: Hulton Archive/Getty/VEJA)
6/19 Alguns poucos edifícios, construídos com concreto armado para resistir a terremotos, foram capazes de resistir em Hiroshima (Foto: Getty Images/VEJA)
7/19 Foto de Hiroshima três semanas após a bomba. Além das explosões, incêndios eclodiram simultaneamente em toda a cidade, queimando o restante das casas e sobreviventes que haviam resistido aos primeiros minutos do ataque (Foto: George Silk/Getty Images/VEJA)
8/19 Algumas horas após o ataque, o governo japonês não tinha certeza do que havia ocorrido. A confirmação chegou apenas 16 horas depois, quando os Estados Unidos anunciaram oficialmente o bombardeio. Na foto, uma cena da destruição em Hiroshima (Foto: B. Hoffman/Getty Images/VEJA)
9/19 Estima-se que cerca de 70.000 pessoas tenham morrido instantaneamente com a explosão da bomba em Hiroshima. O calor e a radiação carbonizaram todos os que estavam no raio de dois quilômetros da bomba. Na foto, pessoas caminham pelas ruas algumas semanas após a explosão (Foto: B. Hoffman/Getty Images/VEJA)
10/19 Uma “chuva negra”, composto de detritos de radiação, atingiu a cidade após a explosão da bomba. Na imagem, uma cena da destruição de Hiroshima (Foto: Hulton Archive/Getty/VEJA)
11/19 Muitos historiadores acreditam que o bombardeamento do Japão trouxe o fim da Segunda Guerra Mundial. A rendição do país foi assinada menos de um mês depois, em 2 de setembro de 1945 (Foto: J. R. Eyerman/Getty Images/VEJA)
12/19 Nas ruas de Hiroshima, as crianças muniram-se de máscaras para enfrentar o cheiro dos corpos que estavam sob os escombros (Foto: Keystone/Getty Images/VEJA)
13/19 Um mês após a explosão da bomba em Hiroshima, uma vítima é atendida em hospital improvisado, montado em um banco local. Até o final de 1945, cerca de 140.000 pessoas morreram em decorrência dos efeitos da radiação (Foto: Wayne Miller/Getty Images/VEJA)
14/19 Homem mostra queimaduras sofridas na explosão da bomba atômica em Hiroshima. Este foi o ferimento mais comum dos sobreviventes, juntamente com as doenças causadas pela radiação, como a leucemia e outros tipos de câncer (Foto: John Dominis/Getty Images/VEJA)
15/19 Em retrato de dezembro de 1945, mãe segura seu filho em frente à cidade de Hiroshima destruída. Eles são hibakusha, nome dado aos sobreviventes da bomba. Em contagem feita em 2008, havia 243.692 hibakusha reconhecidos oficialmente (Foto: A. Eisenstedt/Getty Images/VEJA)
16/19 Destroços de edifício de um cinema em Hiroshima, depois da bomba em 1945. Construída pelo arquiteto checo Jan Letzel, a estrutura da cúpula manteve-se, apesar de estar localizada a apenas 150 metros do epicentro da explosão (Foto: Popperfoto/VEJA)
17/19 A cúpula remanescente da explosão em Hiroshima tornou-se um marco da cidade: chama-se Cúpula Genbaku, ou Cúpula da Bomba Atômica. Para homenagear as vítimas, foi construído ao seu redor o Parque Memorial da Paz, idealizado pelo arquiteto japonês Kenzo Tange. O projeto tornou-se patrimônio mundial da UNESCO em 1996 (Foto: Junko Kimura/Getty Images/VEJA)
18/19 No rio Motoyasu, em frente ao Parque Memorial da Paz em Hiroshima, velas em lâmpadas de papel foram acesas em memória das vítimas da bomba atômica (Foto: Junko Kimura/Getty Images/VEJA)
19/19 Homem visita o Museu do Memorial da Paz em Hiroshima, no Japão. A cidade tornou-se referência do movimento pacifista japonês, que lutou pela abolição total dos armamentos nucleares a nível mundial (Foto: Junko Kimura/Getty Images/VEJA)
Continua após a publicidade
ASSINE VEJA
Os 10 fazendeiros que mais desmatam a Amazônia Leia em VEJA: Levantamento exclusivo revela os campeões da destruição. Mais: as mudanças do cotidiano na vida pós-pandemia ()Clique e Assine
Um evento, várias visões
Além das mudanças comportamentais, a bomba também criou uma divisão profunda no imaginário popular e cultural entre americanos e japoneses. Enquanto as histórias modernas americanas mostram super-heróis nascidos da radiação, como o Hulk e os integrantes do Quarteto Fantástico, a mídia japonesa criou monstros, como o gigante e quase indestrutível Godzilla.
O uso da primeira arma nuclear por qualquer país também divide americanos e japoneses. Em uma pesquisa de opinião conduzida pela Gallup em 1945, logo após os bombardeios, 85% dos americanos aprovaram o uso da nova arma atômica contra as cidades japonesas. A versão mais recente da pesquisa, conduzida em 2015 pelo Pew Research Center, indicou que o número agora é de 56%. O número no entanto, é discrepante entre americanos com mais de 75 anos: sete em cada dez dizem que os ataques foram justificáveis.
Os bombardeios precedem o fim da Segunda Guerra Mundial. A rendição da Alemanha, em 8 de maio, marcou o fim do confronto na Europa, mas combates seguiram na Ásia e no Pacífico. Em julho, ao final da conferência de Potsdam, os Aliados, liderados por EUA, Reino Unido, França e União Soviética, exigem a rendição do Japão, que ignora o ultimato.
Em 15 de agosto, seis dias depois do ataque a Nagasaki, o Japão se rende. No entanto, começa uma busca de países por arsenais nucleares. Em 1949 a União Soviética se tornou o segundo Estado com armas atômicas, após detonar sua primeira bomba nuclear no Cazaquistão.
Continua após a publicidade
“Todos os presidentes americanos, sem exceção, defenderam a ideia de que o ataque foi justificado e necessário. Muitos cidadãos também acreditam nisso”, diz James Hershberg. “Enquanto isso, o Japão aceitou seu papel de vítima para esconder alguns dos crimes cometidos durante a guerra”
São duas versões muito debatidas. Até hoje historiadores discutem se os ataques, no fim das contas, salvaram vidas ao cessarem o conflito, evitando assim uma possível invasão terrestre. Segundo Hershberg, o consenso internacional é de que os ataques foram motivados por interesses políticos e militares dos americanos, que tinham como grande objetivo derrotar o Japão, ao mesmo tempo em que também desejavam colocar um fim à guerra. Para Washington, a possibilidade de mostrar seu poderio bélico e intimidar a União Soviética também foi um fator determinante.
“As bombas revolucionaram a forma de pensar a guerra, o combate militar e a ciência”, diz o professor da Universidade George Washington. “Inaugurou-se uma nova era das relações intergovernamentais e diplomáticas”.
“Os líderes mundiais entenderam que eles precisam ser cautelosos para não provocar o tipo de conflito bélico que poderia levar à escalada do uso nuclear”, diz Jeffrey Knopf. “Há muitas razões complexas pelas quais não realizamos outra guerra mundial desde 1945, mas o medo da guerra nuclear é uma delas”.
Para os sobreviventes, no entanto, esses cálculos não significam nada. Muitos lutaram por décadas contra traumas físicos e psicológicos, fora o estigma às vezes atrelado a ser um “hibakusha”. Frequentemente eles eram marginalizados, em especial para casamentos, por conta de preconceito envolvendo exposição à radiação.
Continua após a publicidade
Hoje, os relatos dos “hibakusha”, palavra em japonês para as pessoas afetadas pela bomba, vão pouco a pouco diminuindo. A média de idade de um sobrevivente agora é pouco mais de 83 anos, segundo o Ministério da Saúde do Japão, e a última geração deles tenta garantir que a história não se repita. A cidade se tornou um ponto de referência em estudos e pesquisas para desnuclearização. O Museu do Memorial da Paz de Hiroshima conta com um arquivo em vídeo das histórias de mais de 1.500 sobreviventes; alguns deles estão até mesmo disponíveis para conferências online.
Terumi Tanaka, de 88 anos, é um dos “hibakusha”. Morador de Nagasaki, bombardeada três dias depois depois de Hiroshima, Tanaka teve um destino diferente de seu avô, uma das 27.000 pessoas que morreram instantaneamente. Outras 70.000 morreram até o final do mesmo ano por doenças e ferimentos relacionados à bomba.
Os ataques soltaram uma radiação que se mostrou mortal tanto logo após o bombardeio quanto a longo prazo. Doenças e sintomas associados à radiação foram relatados por muitos que sobreviveram ao impacto inicial. Os sintomas da síndrome aguda de radiação incluem vômitos, dores de cabeça, náuseas, diarréia, hemorragia e perda de cabelo. Para grande parte dos afetados, a doença é fatal dentro de algumas semanas ou meses.
1/21 Estudante japones observa a fotografia de um soldado com manchas de sangramento interno devido ao ataque que atingiu Hiroshima, no Museu Memorial da Paz de Hiroshima, na véspera do aniversário de 70 anos do ataque responsável pela morte de 140 mil pessoas (Toru Hanai/Reuters)
2/21 Pássaro sobrevoa o Domo da Bomba Atômica, em Hiroshima. No dia 6 de agosto de 1945, os Estados Unidos soltaram a bomba atômica na cidade, matando cerca de 140 mil dos 350 mil residentes de Hiroshima, no primeiro ataque nuclear da história. Três dias depois, uma segunda bomba foi jogada em Nagasaki (Issei Kato/Reuters)
3/21 Budistas marcham com lamparinas em luto pelas vítimas próximo ao Domo da Bomba Atômica, ao lado do Parque Memorial da Paz, em Hiroshima. A cidade se prepara para o aniversário de 70 anos do primeiro ataque nuclear do mundo, que devastou a cidade no dia 6 de agosto (Kazuhiro Nogi/AFP)
4/21 Pessoas deitam no chão fingindo de mortos em frente ao Domo da Bomba Atômica, em ato em lembrança às vítimas da bomba que atingiu Hiroshima em 1945, matando cerca de 140 mil pessoas (Thomas Peter/Reuters)
5/21 Homem olha o Domo da Bomba Atômica ao anoitecer em Hiroshima, Japão. O Domo conhecido no japão como "Genbaku Dome", é a única estrutura que continuou em pé neste distrito da cidade, e foi preservado como uma memorial da paz (Thomas Peter/Reuters)
6/21 Foto tirada em agosto de 2015 do "Genbaku Dome", ou Domo da Bomba Atômica, é visto da ponte Aioi, em Hiroshima, Japão. O domo foi a única estrutura deste distrito da cidade a continuar em pé após o ataque (Issei Kato/Reuters)
7/21 Foto tirada por Toshio Kawamoto e distribuida por seu neto, Yoshio Kawamoto, mostra o Palácio das Indústrias de Hiroshima, como era conhecido o atual Domo da Bomba Atômica, após a queda da bomba. O prédio foi o único do distrito a resistir à explosão e foi preservado como memorial (Toshio Kawamoto/Yoshio Kawamoto/Handout/Reuters)
8/21 Crianças andam de bicicleta na ponte Aioi, com o Domo da Bomba Atômica ao fundo, em Hiroshima, Japão. No dia 6 de agosto de 1945, os Estados Unidos soltaram a bomba atômica na cidade, matando cerca de 140 mil dos 350 mil residentes de Hiroshima, no primeiro ataque nuclear da história. Três dias depois, uma segunda bomba foi jogada em Nagasaki (Issei Kato/Reuters)
9/21 Moradores passam em frente ao Palácio das Indústrias de Hiroshima, hoje conhecido como Domo da Bomba Atômica, na ponte Aioi, após o ataque contra Hiroshima no dia 6 de agosto de 1945 (Shigeo Hayashi/Hiroshima Peace Memorial Museum/Reuters)
10/21 Linha ferroviária vista da ponte Aioi, em Hiroshima. A cidade se prepara para o aniversário de 70 anos do primeiro ataque nuclear do mundo, que devastou o local no dia 6 de agosto (Issei Kato/Reuters)
11/21 Moradores caminham em frente a prédios destruidos próximo à ponte Aioi, em Hiroshima, após o ataque nuclear à cidade no dia 6 de Agosto de 1945 (Shigeo Hayashi/Hiroshima Peace Memorial Museum/Reuters)
12/21 Homem caminha pela ponte Yorozuyo, na véspera do aniversário de 70 anos do ataque nuclear à cidade de Hiroshima, Japão. No dia 6 de agosto de 1945, os Estados Unidos soltaram a bomba atômica na cidade, matando cerca de 140 mil dos 350 mil residentes de Hiroshima, no primeiro ataque nuclear da história. Três dias depois, uma segunda bomba foi jogada em Nagasaki (Issei Kato/Reuters)
13/21 A sombra de trilhos é vista na superfície da estrada na ponte Yorozuyo, em Hiroshima, devido ao calor da bomba atômica. Este local fica a 860 metros do centro da explosão, a superfície desprotegida do asfalto foi queimada enquanto áreas protegidas pelos trilhos ficaram com um tom mais claro (U.S. Army/Hiroshima Peace Memorial Museum/Reuters)
14/21 A catedral Urakami, que havia sido destruída pela bomba e foi reconstruída em 1959, é vista em Nagasaki, sudoeste do Japão. A bomba que atingiu Nagasaki foi lançada três dias após o ataque a Hiroshima (Issei Kato/Reuters)
15/21 A Catedral Urakami parcialmente destruída pouco após o ataque a Nagasaki, no dia 9 de Agosto de 1945, no Japão (Shigeo Hayashi/Nagasaki Atomic Bomb Museum/Reuters)
16/21 A Escola Primária Shiroyama é vista em Nagasaki, sudoeste do Japão (topo, à direita). A escola foi construída no local da antiga Escola Nacional Shiroyama, que foi destruída após o ataque a Nagasaki no dia 9 de agosto de 1945 (Issei Kato/Reuters)
17/21 A Escola Nacional Shiroyama (topo, centro), destruída pelo ataque nuclear que atingiu Nagasaki no dia 9 de agosto de 1945 (Shigeo Hayashi/Nagasaki Atomic Bomb Museum/Reuters)
18/21 Estacionamento de Hospital Universitário de Nagasaki, construído no local da Faculdade Médica de Nagasaki, que foi destruído pela bomba atômica que atingiu a cidade no dia 9 de agosto de 1945 (Issei Kato/Reuters)
19/21 Imagem da Faculdade Médica de Nagasaki após a explosão da bomba atômica que atingiu a cidade, no sudoeste do Japão, no dia 9 de agosto de 1945 (Torahiko Ogawa/Nagasaki Atomic Bomb Museum/Reuters)
20/21 O avião "Enola Gay" executou o bombardeio à cidade de Hiroshima, derrubando a bomba atômica no primeiro ataque nuclear do mundo. A cidade se prepara para o aniversário de 70 anos da explosão da bomba nuclear que devastou a cidade no dia 6 de agosto de 1945 (Keystone/Getty Images)
21/21 Imagem mostra o impacto da bomba na cidade de Hiroshima. O epicentro da explosão está marcado por um pequeno círculo branco, enquanto a área de devastação pode ser vista pela superfície negra que marca a cidade. O ataque a Hiroshima foi seguido três dias depois por um ataque a Nagasaki (Photo12/UIG/Getty Images)
Os sobreviventes dos ataques também sofreram com efeitos no longo prazo, incluindo riscos elevados de câncer de tireoide e leucemia. Ambas as cidades atacadas registraram taxas mais altas de incidência de câncer após o ocorrido. Segundo estudo da Fundação de Pesquisa de Efeitos de Radiação do Japão-EUA, que analisou 50 mil vítimas de Hiroshima e Nagasaki, aproximadamente 100 morreram de leucemia e 850 sofreram de câncer induzido por radiação.
Continua após a publicidade
Há 50 anos, Tanaka defende o desarmamento nuclear e, há mais de 20, é líder de um grupo de vítimas. Estima-se que restem apenas 136.700 delas, muitos ainda eram bebês ou estavam na barriga de suas mães no momento das atrocidades.
“Após todos os sobreviventes da bomba atômica irem embora, tenho medo de se as pessoas realmente irão conseguir entender o que passamos”, diz. “Montamos um grupo chamado No More Hibakusha Project, que trabalha para preservar registros como arquivos, incluindo o que escrevemos para que (a próxima geração) possa usá-los em suas campanhas”.
Em um relato em primeira pessoa publicado em VEJA em 2016, a sobrevivente Chifusa Wakigawa, que trabalhava em uma fábrica, afirma que, sempre que o dia 9 de agosto se aproxima, “a traumatizante lembrança daquela manhã chega a me deixar de cama”.
“Tudo ocorreu tão rápido que pensei, por instantes, ter morrido. Quando o barulho parou, apalpei meu corpo: não tinha ferimentos. Não conseguia ver nada; acreditava estar cega. Contudo, aos poucos, a visão voltou e pude observar o que se passara. À minha volta, só havia escombros e muitos, muitos mortos. Saí correndo para casa”, conta.
No caminho, segundo ela, havia cadáveres carbonizados, vítimas ensanguentadas que pediam socorro e pessoas queimadas que tentavam saciar a sede em um rio. “Nunca se apagou da minha memória a cena de uma mãe segurando firme um bebê já sem cabeça. Ela implorava por água como se ainda não tivesse caído em si. Eu vi – não há outro modo de descrever – o Inferno na Terra”.
Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas 5,99/mês
Revista em Casa + Digital Completo
Receba 4 revistas de Veja no mês, além de todos os benefícios do plano Digital Completo (cada edição sai por menos de R$ 9)
A partir de 35,90/mês
*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a R$ 5,99/mês.
PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis CLIQUE AQUI.