Hamas condiciona libertação de reféns a cessar-fogo em Gaza
Em visita a Moscou, autoridade do grupo terrorista palestino diz que pretende soltar 'prisioneiros civis', mas isso exige 'um ambiente calmo'
Uma autoridade do Hamas, Abu Hamid, disse nesta sexta-feira, 27, que o grupo terrorista só libertará os reféns detidos na Faixa de Gaza se Israel concordar com um cessar-fogo e parar de bombardear o enclave. Os ataques aéreos incessantes começaram após uma brutal incursão de militantes do Hamas ao território israelense há quase três semanas.
O jornal russo Kommersant reportou que um membro de uma delegação do Hamas, em visita a Moscou, disse que o grupo precisava de tempo para localizar todos os sequestrados no ataque de 7 de outubro.
“[Os combatentes] capturaram dezenas de pessoas, a maioria delas civis, e precisamos de tempo para encontrá-los na Faixa de Gaza e depois libertá-los”, disse Abu Hamid.
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Segundo Hamid, o Hamas, que soltou quatro dos detidos até agora, deixou claro que pretendia libertar “prisioneiros civis”. No entanto, alertou que isso exigia um “ambiente calmo”, alegando que os bombardeios israelenses já mataram 50 reféns.
As Forças de Defesa de Israel (FDI) revisou o número de pessoas sequestradas nesta sexta-feira, elevando a estimativa para pelo menos 233. O porta-voz militar Daniel Hagari disse que as FDI informaram as famílias de 229 reféns de que seus entes queridos estão atualmente detidos na Faixa de Gaza.
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O número não inclui as quatro cativas soltas – mãe e filha Judith e Natalie Ra’anan, que deixaram Gaza há uma semana, e as mulheres idosas Yocheved Lifshitz e Nurit Cooper, libertadas na noite de segunda-feira 23. Hagari alertou, porém, que o número não é definitivo, pois os militares continuam investigando novas informações.
Israel é contrário a um cessar-fogo, também proposto pelas Nações Unidas, defendendo que uma pausa apenas daria mais tempo para o Hamas se armar. Além disso, está preparando uma invasão terrestre em grande escala à Faixa de Gaza. No entanto, os Estados Unidos e um grupo de nove países árabes pediram a Tel Aviv para adiar a operação, que deve multiplicar o número de civis mortos no enclave palestino, onde vivem 2,2 milhões de pessoas, bem como desencadear um conflito mais amplo.
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Uma pesquisa de opinião publicada nesta sexta-feira pelo jornal israelense Maariv indicou que quase metade dos israelenses (49%) é a favor de adiar a invasão por terra, por temer pelo destino dos reféns. Outros 29% se disseram a favor de uma incursão imediata, enquanto 22% afirmaram estarem indecisos. Uma semana antes, 65% apoiavam uma invasão terrestre imediata.
Também nesta sexta-feira, o exército de Israel disse que fez uma incursão terrestre “direcionada” contra a Cidade de Gaza, no norte do território palestino, onde teria atingido alvos do Hamas, apoiado por aviões e artilharia.