Grupo Wagner freia avanço na Rússia para evitar ‘derramamento de sangue’
O líder mercenário Yevgeny Prigozhin concordou em conter marcha depois de conversas com Alexander Lukashenko, presidente de Belarus e aliado de Putin
Em um informe oficial, o gabinete do presidente de Belarus, Alexander Lukashenko, anunciou que o líder do Grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, acatou a proposta de frear o movimento rebelde na Rússia, iniciado na sexta-feira, 23, e encaminhar medidas para diminuir a tensão no local.
A paralisação acontece num momento em que a Rússia preparava uma contraofensiva para tentar conter os paramilitares, que já se aproximavam da capital Moscou.
A nota divulgada neste sábado, 24, informa que o acordo teve o aval do presidente russo, Vladimir Putin, que conversou com Lukashenko pela manhã. Na sequência, deu-se continuidade às negociações. “Como resultado, chegou-se a um acordo sobre a inadmissibilidade de desencadear um massacre sangrento no território da Rússia”, diz o comunicado.
Prigozhin também se manifestou sobre o recuo. Em uma mensagem enviada no Telegram, o líder do Grupo Wagner destacou que os rebeldes chegaram a pouco menos de 200 quilômetros de Moscou sem derramar “uma única gota de sangue dos nossos lutadores”.
“Agora é o momento em que o sangue pode ser derramado. Percebendo toda a responsabilidade pelo fato de que o sangue russo será derramado, estamos virando nossas colunas e partindo na direção oposta, para nossos acampamentos, de acordo com o plano”, escreveu Prigozhin.
Momentos antes do anúncio, autoridades reforçaram a segurança em Moscou e seus arredores montando um forte aparato de barreiras e bloqueios nas estradas para vistoriar os veículos. Pontes que dão acesso à capital foram fechadas e, em uma medida ainda mais extrema, tratores começaram a destruir estradas que fazem fronteira com a cidade.
O prefeito de Moscou anunciou o início de um “regime de operações antiterroristas” na capital e seus arredores. A medida, na prática, autoriza as autoridades a controlar a movimentação da população e dos transportes, monitorar e até restringir as comunicações, revistar pessoas e veículos e evacuar a população, caso seja necessário.
Segundo a agência de notícias russa Tass, o governo ofereceu aos mercenários a possibilidade de anistia em caso de rendição. Em comunicado transmitido pela TV horas antes do recuo, Putin classificou a rebelião como “uma punhalada nas costas” e disse que irá punir todos os participantes da insurreição.