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Greves e manifestações param a França contra reforma da Previdência

Ao menos 200 atos foram registrados no país e serviços de trens, voos, escolas e empresas foram afetados

Por Da Redação
19 jan 2023, 17h31

Milhares de franceses tomaram as principais avenidas do país nesta quinta-feira, 19, em protestos contra o plano do governo de aumentar a idade da aposentadoria para a maioria dos trabalhadores. As greves paralisaram os serviços de trens, voos, escolas, empresas e as manifestações ocorreram em diversas cidades da França, incluindo Paris, que precisou fechar a Torre Eiffel para visitantes, Marselha, Toulouse, Nantes e Nice.

Oito dos maiores sindicatos do país convocaram um “primeiro dia de greves e protestos” contra a reformas previdenciária anunciada pelo presidente Emmanuel Macron. Na nova legislação, os franceses vão precisar trabalhar até 64 anos para receberem a aposentadoria completa do Estado. Atualmente a idade mínima para se aposentar é 62. Em outros países da Europa, como Espanha e Alemanha, em comparação, a idade em que os trabalhadores conseguem a pensão completa é 65.

De acordo com Phillipe Martinez, secretário-geral do CGT, o maior grupo sindical da França, a expectativa é que o número total de manifestantes exceda de 1 milhão de pessoas. O sindicato comunicou que foram registradas mais de 200 manifestações em todo país, e a maioria dos trabalhadores das refinarias da TotalEnergies (TOT) decidiu interromper temporariamente as entregas de produtos petrolíferos. 

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Já o Ministério da Educação da França informou que mais de 40% dos professores do ensino fundamental e um terço dos docentes do ensino médio participaram das greves.

A autoridade ferroviária francesa, a SNCF, informou que as linhas de trem em toda a França sofreram “severas interrupções”. Além disso, de acordo com a autoridade de transporte da capital, RATP, as linhas de metrô de Paris foram afetadas por fechamentos totais ou parciais. 

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A Eurostar escreveu em seu site que os trens entre Paris e Londres e viagens no aeroporto de Orly, o mais perto da capital, foram cancelados. O aeroporto mais importante da cidade, o Charles de Gaulle, relatou “alguns atrasos” devido à greve dos controladores de tráfego aéreo.

Mas apesar do grande caos que o país se encontra, Macron afirmou em uma coletiva de imprensa na cúpula franco-espanhola que ocorreu nesta quinta-feira na cidade de Barcelona, na Espanha, que a reforma deve ser feita para “salvar” o sistema previdenciário. 

“Faremos isso com respeito, espírito de diálogo, mas também determinação e responsabilidade”, acrescentou.

Segundo o governo francês, o novo plano é necessário para combater o déficit de fundos de pensão. O porta-voz do governo, Olivier Veran, afirmou na quarta-feira que 40% dos franceses vão poder se aposentar antes do 64. A exceção seria apenas para aqueles que começaram a trabalhar mais cedo ou têm empregos fisicamente exaustivos. 

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“Temos o sistema mais protetor e desenvolvido da Europa”, disse ele. “Mesmo depois das reformas, vamos nos aposentar na França melhor e mais cedo do que em quase todos os países da zona do euro”, acrescentou.

No entanto, a reforma foi anunciada em um momento de preocupação para os trabalhadores que são pressionados pelo aumento nas contas de alimentos e energia. O crescimento no valor de custo de vida também preocupou os trabalhadores do Reino Unido, que fizeram greves nesta quinta-feira por salários e condições de trabalho melhores. 

“Essa reforma cai em um momento de muita raiva, muita frustração, muito cansaço. Na verdade, está chegando no pior momento”, disse o chefe do sindicato CFE-CGC, François Hommeril, à CNN nesta semana. Ele também comentou sobre a  inflação que assolou a Europa após a pandemia de Covid-19 e a invasão da Rússia à Ucrânia.

No ano passado, as ruas de Paris foram cena de grandes manifestações contra o alto custo de vida. Diversos trabalhadores fizeram greves exigindo salários mais altos, o que causou o esgotamento das bombas de combustível em todo país. Em 2019, Macron tentou renovar o sistema de aposentadoria da França, porém o país foi palco de greves nacionais. A ideia de reforma foi adiada depois que a pandemia do Covid-19 começou.

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