Governo interino de Israel promete impedir retorno de Netanyahu
Após renúncia de primeiro-ministro, que levará a novas eleições, políticos israelenses descartam apoio ao ex-premiê acusado de corrupção
Dois membros do governo de coalizão de Israel prometeram nesta terça-feira, 21, evitar a volta ao poder do ex-primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. Após colapso do governo, o país se prepara para a quinta eleição em três anos.
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Apesar de serem membros do mesmo partido, o Likud, o ministro das Finanças, Avigdor Lieberman, e o ministro da Justiça israelense, Gideon Saar, descartaram a possibilidade de unir forças com o colega Netanyahu.
O político comandou o país por 12 anos até ser deposto em 2021, denunciado por corrupção, fraude e abuso de poder.
“Eu não vou trazer Bibi (Netanyahu) de volta. Todos os membros do partido estão comigo. Ninguém vai sucumbir aos incentivos”, disse Saar à Rádio do Exército.
Lieberman disse em uma conferência que os legisladores da coalizão poderiam criar um projeto de lei que impediria qualquer pessoa sob acusação criminal ser eleita no país.
Mas um porta-voz do Parlamento, que será dissolvido nas próximas semanas após a deserção de dois membros da coalizão governista, disse que a ação era tecnicamente inviável.
Enfraquecido por disputas internas que estavam impedindo seu governo de aprovar medidas, o primeiro-ministro de Israel, Naftali Bennett, renunciou ao cargo na segunda-feira 20, após um ano no poder.
Com a saída de Bennett, o ministro das Relações Exteriores, Yair Lapid, assumirá a função interinamente até as eleições para eleger um novo chefe de governo, o que deverá acontecer em outubro, segundo informações de autoridades.
As novas eleições podem permitir o retorno ao poder de Netanyahu, ex-premiê e atual líder da oposição, que foi retirado do cargo após a formação do atual governo, uma coalizão de políticos de extrema direita, liberais e árabes.
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“Algo ótimo aconteceu aqui”, declarou Netanyahu na segunda-feira, acrescentando que seu partido conservador Likud lideraria o próximo governo. Apesar de estar sendo julgado por corrupção em três processos diferentes, a legenda do ex-premiê está liderando as pesquisas de opinião.
A rádio de Tel Aviv revelou nesta terça-feira, 21, que Netanyahu e prováveis aliados judeus de direita ou ultraortodoxos poderiam comandar 59 assentos no parlamento na próxima votação, contra 55 previstos para os partidos da atual coalizão.
Outros levantamentos sugerem que o Likud deve conquistar o maior número de assentos no próximo Parlamento, mas podem não ser suficientes para atingir uma maioria parlamentar. Alguns partidos podem concordar em trabalhar com o Likud se Netanyahu deixar de ser líder do partido.
O eventual mapa político pode mudar, no entanto, se os partidos menores desaparecerem ou unirem forças – ou se Netanyahu ou Lapid, cujo partido centrista Yesh Atid está em segundo lugar, conseguirem alcançar parceiros menos prováveis.