Governo dos EUA reabre, mas Trump já está preparado para nova paralisação
Presidente americano diz que há menos de 50% de chance para acordo sobre construção de muro
Centenas de milhares de funcionários federais dos Estados Unidos retornam ao trabalho nesta segunda-feira, 28, após o presidente Donald Trump ter assinado na sexta-feira 25 um decreto que colocou fim à paralisação parcial do governo de 35 dias, a mais longa da história do país.
Ainda assim, o chefe de gabinete interino da Casa Branca, Mick Mulvaney, afirmou no domingo 27 que o presidente já está preparado para uma nova paralisação parcial se o Congresso não colaborar para garantir a segurança da fronteira com o México e aprovar um orçamento que contenha fundos para a construção de um muro na região.
As declarações foram dadas aos canais de televisão CBS e Fox News.
Trump assinou na sexta-feira um projeto de orçamento para reabrir o governo por apenas três semanas e acabar com a paralisação que já durava 35 dias e travava o pagamento de salários a todos os funcionários públicos. O presidente, contudo, deixou claro que não pretende desistir de sua maior promessa de campanha.
Trump quer que o Congresso inclua 5,7 bilhões de dólares no orçamento do governo destinados exclusivamente para a construção do muro na fronteira.
Os democratas se opõem firmemente ao conceito de muro físico com o México, mas estiveram dispostos a financiar a substituição de cercas, diques e barreiras de apoio, além de contratar mais juízes de imigração, agentes fronteiriços e tecnologia.
Os deputados e senadores ganharam mais três semanas para discutir a questão, antes que um novo projeto de lei orçamentária precise ser aprovado para que o governo não entre em paralisação novamente.
Medidas emergenciais
Em entrevista ao jornal The Wall Street Journal neste domingo, Trump afirmou que não acredita que as negociações no Congresso vão resultar em um acordo com a previsão de construção de um muro na fronteira com o México, e prometeu fazer a obra mesmo assim, utilizando poderes emergenciais, caso necessário.
Segundo o presidente americano, há menos de 50% de chances de o grupo de 17 parlamentares envolvidos na negociação fechar um acordo antes de encerrado o período em que o orçamento do governo está garantido.
“Eu pessoalmente penso que (a possibilidade de acordo) é de menos de 50-50, mas há muitas boas pessoas na negociação.”
Perguntado se aceitaria menos do que 5,7 bilhões de dólares para a obra, Trump respondeu: “Eu duvido. Eu preciso fazer (o muro) direito”.
Uma derrota para Trump?
A assinatura do decreto por Trump na última sexta-feira foi vista por muitos como um recuo de Trump e uma vitória para os democratas.
A aprovação do orçamento ocorreu em meio ao aumento dos atrasos nos aeroportos do país e não pagamento de salários a centenas de milhares de trabalhadores federais, o que trouxe urgência aos esforços para resolver o problema.
“Isso não foi de forma alguma uma concessão”, escreveu Trump em sua conta no Twitter na sexta, afastando os críticos que queriam que ele continuasse lutando. “Eu estava cuidando de milhões de pessoas que foram gravemente feridas, com o entendimento que, em 21 dias, se nenhum acordo for feito, é hora de prosseguir”.
No entanto, quando as negociações forem retomadas, Trump entra em uma posição enfraquecida. Uma grande maioria dos americanos o culpou pelo impasse e rejeitou seus argumentos sobre um muro de fronteira, indicou uma recente pesquisa.
(Com EFE e Estadão Conteúdo)