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Governo dos EUA gastou ao menos US$ 1,2 milhão em empresas de Trump

Presidente se recusou a vender sua participação em ações de sua rede de hotéis, clubes e restaurantes; especialistas apontam conflito de interesse

Por Julia Braun Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 22 jul 2020, 15h28

O governo americano pagou ao menos 1,2 milhão de dólares às empresas particulares do presidente Donald Trump desde 2016, segundo documentos obtidos pela emissora CNN. Especialistas apontam que os gastos federais nos hotéis, clubes e restaurantes que pertencem à família de Trump representam um conflito de interesse.

Registros obtidos pela CNN por meio da lei de acesso à informação mostram que funcionários da Casa Branca e, principalmente do Serviço Secreto, se hospedam com frequência nos estabelecimentos que pertencem ao atual presidente. Ao menos 600.000 dólares foram gastos por oficiais da agência de segurança americana em hotéis da rede de Trump entre 2016 e 2019.

O próprio presidente se hospedou no Trump International Hotel em Washington DC em diversas ocasiões, e fez muitas refeições no restaurante que fica dentro do local. Ele ainda passou ao menos 110 dias em 2017 em outros hotéis de sua rede, e desde o início de sua Presiência até março de 2018 ficou 100 dias hospedado em clubes de golfe de sua família.

Alguns dos gastos do governo em propriedades da rede Trump ainda envolvem os filhos do presidente. Um documento divulgado pelo Departamento de Estado mostra uma cobrança de cerca de 15.000 dólares no Trump International Hotel & Tower em Vancouver, no Canadá, por uma estadia no final de fevereiro de 2017. Os filhos do presidente, Eric Trump, Donald Trump Jr. e Tiffany Trump e suas famílias se hospedaram no local neste período.

Trump transferiu suas participações comerciais em suas empresas para um fundo gerido pelos filhos após ganhar a eleição para a Casa Branca em 2016. Ele se recusou, contudo, a vender sua participação acionária, ainda que muitos especialistas afirmem que esse era o passo mais correto. O presidente republicano enfrenta críticas e uma série de investigações no Congresso relacionadas às suas finanças e possíveis conflitos de interesse em seus negócios imobiliários.

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No ano passado, Trump ainda havia oferecido seu resort de golfe na Flórida para receber a reunião de líderes do G7 de 2020. Após enfrentar acusações de que ele estava usando a Presidência para enriquecimento pessoal, o republicano voltou atrás.

Em sua viagem para os Estados Unidos em março, o presidente Jair Bolsonaro e sua comitiva se hospedaram no resort de Trump em Mar-a-Lago. O local também foi palco de todas as reuniões marcadas durante a estadia.

Em uma entrevista em outubro passado, Eric Trump disse que o governo americano, na verdade, economiza dinheiro utilizando as propriedades de Trump. “A qualquer momento que [funcionários do] governo viajam, e se meu pai viaja, eles ficam em nossas propriedades gratuitamente e só cobramos um pequeno custo de manutenção”, disse. “Nós cobramos algo como 50 dólares”. Os documentos obtidos pela CNN americana, contudo, mostram que muitas das estadias de funcionários do governo foram cobradas integralmente, sem descontos.

Kathleen Clark, especialista em ética governamental da Universidade de Washington em St. Louis, disse que a recusa de Trump em separar os negócios de sua família da Presidência cria inevitavelmente vários conflitos de interesse. Segunda ela, pelo menos o presidente deveria reduzir sua estadia em propriedades de sua rede e incentivar outras autoridades a não fazer o mesmo.

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