Governo de Israel colapsa novamente e país terá 5ª eleição em três anos
Parlamento será dissolvido após a deserção de dois membros da coalizão governista; com um novo pleito, o ex-premiê Benjamin Netanyahu volta à disputa
O gabinete do primeiro-ministro de Israel anunciou nesta segunda-feira, 20, que a coalizão governista vai dissolver o Parlamento na próxima semana, derrubando o governo atual e levando o país à quinta eleição em três anos.
A decisão pode servir como salvação para Benjamin Netanyahu, o ex-primeiro-ministro que deixou o cargo em junho passado com a formação do atual governo – e cujo partido está liderando as pesquisas.
Há semanas, o governo está paralisado devido à deserção de dois legisladores do governo de direita, assim como frequentes rebeliões de outros três legisladores, desfazendo a maioria da coalizão no Parlamento e gerando entraves para o Executivo.
Prevista para o outono, a próxima eleição será a quinta de Israel desde abril de 2019. Ela ocorre em um momento já tenso para o país, depois de um aumento nos ataques de palestinos contra israelenses e em meio a uma escalada no antigo conflito entre Israel e Irã.
Os termos do atual acordo de coalizão determinam que, no caso de deserções da direita levarem a eleições antecipadas, Yair Lapid, o ministro das Relações Exteriores, assumiria o cargo de primeiro-ministro interino, enquanto o primeiro-ministro Naftali Bennett deixaria o cargo.
Se esse acordo for honrado, Lapid liderará o governo por vários meses, inclusive durante a campanha eleitoral e as negociações subsequentes (provavelmente necessárias) para formar uma coalizão.
A recusa de Netanyahu em renunciar depois que a coalizão foi formada, apesar de ser julgado por corrupção, levou muitos de seus aliados a se aliar a seus oponentes ideológicos para removê-lo do cargo.
O governo atual era frágil desde o início por causa dessa incompatibilidade ideológica entre os oito partidos constituintes – uma aliança fracionada de grupos de direita, esquerda, seculares, religiosos e árabes que uniram forças em junho passado para derrubar Netanyahu, após quatro eleições inconclusivas em dois anos, que deixaram Israel sem um projeto orçamentário ou um governo funcional.
A coalizão foi coesa o suficiente para aprovar um novo orçamento (o primeiro de Israel em mais de três anos), fazer as principais nomeações administrativas, e aprofundar as relações de Israel com os principais estados árabes.
Mesmo assim, seus membros regularmente entravam em impasses sobre os direitos da minoria árabe de Israel, a relação entre religião e Estado e a política de assentamentos na parte ocupada da Cisjordânia.
A nova eleição dá outra chance a Netanyahu, permitindo-lhe outra tentativa de ganhar votos suficientes para formar sua própria coalizão majoritária.
Pesquisas de opinião sugerem que seu partido, o Likud, deve conquistar o maior número de assentos no próximo Parlamento, mas podem não ser suficientes para atingir uma maioria parlamentar. Alguns partidos podem concordar em trabalhar com o Likud se Netanyahu deixar de ser líder do partido.
Essa dinâmica pode levar a meses de negociações, devolvendo Israel à estagnação em que caiu antes da saída de Netanyahu.