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Espanha prepara intervenção no governo da Catalunha

Diante de esclarecimento 'claro e impreciso', Mariano Rajoy anuncia reunião extraordinária para decidir medidas 'para restaurar a legalidade' na região

Por Gustavo Silva Atualizado em 19 out 2017, 11h13 - Publicado em 19 out 2017, 10h58

O primeiro-ministro da Espanha, Mariano Rajoy, reunirá seu conselho de ministros em sessão extraordinária no sábado para iniciar os trâmites que levarão a uma intervenção sobre a autonomia da Catalunha, anunciou o governo espanhol nesta quinta-feira. O chefe de Governo do país considerou que os esclarecimentos prestados hoje por seu par catalão, Carles Puigdemont, sobre a declaração de independência da região, não foram “claros e precisos”.

“O governo da Espanha continuará com os trâmites previstos no artigo 155 da Constituição para restaurar a legalidade na Catalunha”, afirmou o governo em comunicado, em referência ao texto que permite Madri exercer as competências de uma região do país por circunstâncias extraordinárias. As medidas, que podem incluir desde a destituição do governo catalão à convocação de novas eleições, serão levadas ao Senado espanhol neste sábado.

Em resposta ao ultimato dado por Madri, que exigia que o governo catalão esclarecesse até esta quinta-feira se a independência da Catalunha fora proclamada ou não, Puigdemont enviou uma carta a Rajoy dez minutos antes do final do prazo estabelecido, acusando o  governo espanhol de persistir em “impedir o diálogo e continuar com a repressão”. “Apesar de nossa vontade de diálogo, que a única resposta seja a suspensão da autonomia indica que não se está consciente do problema”, disse, adiantando-se ao comunicado do premiê espanhol.

Implicitamente, Puigdemont admitiu que a independência catalã não foi declarada, embora diga em sua carta a Rajoy “deixar em suspenso os efeitos do mandado popular” dado ao governo pelos resultados do referendo realizado na região no dia 1º de outubro. “Se o governo do Estado persistir em impedir o diálogo e continuar com a repressão, o Parlamento da Catalunha poderá proceder, se considerar oportuno, a votar a declaração formal de independência que não votou em 10 de outubro”, alertou o presidente catalão.

Nesta quarta-feira, Madri sugeriu que estaria disposto a abrir mão de medidas contra a autonomia do Executivo regional da Catalunha se Puigdemont convocasse eleições antecipadas. A proposta, contudo, não foi considerada pelo líder catalão em seu comunicado. “O governo usará todos os meios a seu alcance para restaurar o quanto antes a legalidade e a ordem constitucional, recuperar a convivência pacífica entre cidadãos e frear a deterioração econômica provocadas pelo desafio independentista”, comunicou Rajoy em sua carta.

(Com agências internacionais)

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