Último Mês: Veja por apenas 4,00/mês
Continua após publicidade

Governo boliviano entra em acordo com OEA sobre auditoria eleitoral

Opositor de Evo Morales no pleito, Carlos Mesa rejeita o acordo, que considera "unilateral"

Por AFP 31 out 2019, 02h05

O governo boliviano concordou com a Organização dos Estados Americanos (OEA), nesta quarta-feira 30, em realizar uma auditoria das eleições que deram uma polêmica vitória ao presidente Evo Morales, mas o opositor Carlos Mesa rejeitou o acordo, que classificou de “unilateral”.

O chanceler Diego Pary anunciou a assinatura de um acordo com a OEA para “fazer a auditoria integral das eleições gerais de 20 de outubro”, em busca de uma saída para os protestos que há dez dias abalam o país. “O resultado do informe de auditoria será vinculante para as duas partes”, acrescentou Pary.

O secretário-geral da OEA, Luis Almagro, manifestou-se em um tuíte, destacando que “os resultados da auditoria (…) demorará de 10 a 12 dias” e se baseará “em quatro aspectos: – verificação de cômputos: atas e cédulas; – verificação de processo informático; – componente estatístico e projeções; – rede de custódia”.

E o embaixador alemão, Stefan Duppel, disse que seu governo “ofereceu apoiar a missão com 100.000 euros”.

Continua após a publicidade

Mesa, que denunciou uma fraude eleitoral, havia dito na terça-feira que somente aceitaria uma auditoria se Morales não reconhecesse a própria eleição e se o resultado da análise fosse vinculante.

No entanto, Mesa – um centrista que já foi presidente entre 2003 e 2005 – declarou nesta quarta-feira que “não aceitamos a auditoria nos atuais termos pactuados unilateralmente”.

Além disso, apontou: “reconhecemos as posições de instituições, setores cívicos e movimentos sociais que querem a anulação das eleições e manifestam sua desconfiança acerca da auditoria pactuada entre a OEA e o MAS”, em referência ao Movimento ao Socialismo, o partido de Morales.

A auditoria foi sugerida na semana passada pelo presidente boliviano ao secretário-geral da OEA, Luis Almagro, depois de a oposição ter denunciado uma fraude para garantir o quarto mandato de Morales.

Continua após a publicidade

Um primeiro sistema de contagem rápida de votos do Tribunal Supremo Eleitoral (TSE) antecipou, horas depois da votação, um segundo turno entre Morales e Mesa.

Após um silêncio de mais de 20 horas sobre o avanço da apuração – que despertou suspeitas e denúncias -, a tendência mudou e foi declarada a vitória de Morales já no primeiro turno. O presidente obteve 47,08% dos votos contra os 36,51% de Mesa.

A lei boliviana atribui a vitória no primeiro turno se um dos candidatos atingir mais de 50% dos votos ou 40% e uma vantagem de dez pontos percentuais sobre o segundo colocado.

Em meio à crise, Sandra Kettels, presidente do Tribunal Eleitoral Departamental (TED) de Santa Cruz, região mais populosa da Bolívia, demitiu-se nesta quarta, por meio de uma carta apresentada ao vice-presidente, Álvaro García, na qual anunciou a “renúncia irrevogável do cargo”, que desempenhava desde 2014.

Continua após a publicidade

Sua saída representa a segunda de maior peso registrada no sistema eleitoral boliviano, depois da demissão do vice-presidente do Tribunal Supremo Eleitoral (TSE), Antonio Costa, dois dias após o pleito, por discordar da decisão de suspensão da contagem rápida.

Grupos radicais se opõem

Mesa havia planejado inicialmente ir para o segundo turno, mas depois aderiu aos que pedem a anulação dessas eleições.

Algumas organizações civis que lideram os protestos em várias cidades do país não querem a realização da auditoria, que começará na quinta-feira.

O líder do opositor Comitê Cívico de Santa Cruz (leste), Luis Fernando Camacho, propôs anular as eleições e também rejeita a auditoria da OEA.

Continua após a publicidade

“A solução é anular as eleições e ir para um novo processo (…) Se o governo aceitar, será suspensa a greve” realizada em Santa Cruz, no sudoeste do país, e que repercute parcialmente em outras cidades como a capital, La Paz, garantiu Camacho.

Waldo Albarracín, liderança de um grupo civil (Conade), apoiado principalmente por estudantes da universidade estatal de La Paz, se pronunciou também a favor da nulidade das eleições e anunciou que “a mobilização se mantém enquanto o problema durar”.

“Se o governo acha que vão nos ganhar pelo cansaço, está equivocado”, desafiou.

Em meio aos protestos, esta semana houve duros confrontos em Santa Cruz, La Paz e Cochabamba entre simpatizantes de Morales e de Mesa. Por enquanto, o balanço é de mais de 40 feridos, incluindo cinco baleados.

Continua após a publicidade

Diante da escalada da violência, a ONU fez ontem “um apelo clamoroso e urgente aos atores políticos, aos setores sociais e a todas e todos os bolivianos para reduzirem tensões e rejeitarem qualquer ato de violência”.

Denúncia de “golpe”

Morales, de 60 anos e no poder desde 2006, disse nesta quarta a seus seguidores na área rural de Cochabamba (centro): “dizem que há fraude, que façam controle, que revisem, que façam auditoria, não tenho nada a esconder”.

O chefe de Estado disse que os protestos fazem parte de um “golpe de Estado”, incentivado por Mesa. “Se dizem ‘fora Evo’, é golpe de Estado”, destacou.

Mesa, de 66 anos, rejeitou estas acusações e desafiou na segunda-feira o governo em uma manifestação maciça em um bairro sofisticado de La Paz: “aqui estou, ou vou para a prisão ou vou para a Presidência”.

Morales convocou grupos de mineradores e camponeses pró-governo de regiões andinas a irem a La Paz para defender o que chamou de “processo de mudança”.

Estes grupos disseram ter chegado a La Paz com a intenção de cercar a cidade, sede dos poderes Executivo e Legislativo, embora até o momento tenham se limitado a caminhar pelas ruas do centro, detonando artefatos e gritando palavras de apoio ao presidente.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Veja e Vote.

A síntese sempre atualizada de tudo que acontece nas Eleições 2024.

OFERTA
VEJA E VOTE

Digital Veja e Vote
Digital Veja e Vote

Acesso ilimitado aos sites, apps, edições digitais e acervos de todas as marcas Abril

1 Mês por 4,00

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (equivalente a 12,50 por revista)

a partir de 49,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.