Governador russo de Kherson pede a civis que deixem a região
Área tem sido foco de bombardeios frequentes tanto de Rússia quanto de Ucrânia e se intensificaram na última semana
Dezenas de mísseis russos atingiram cidades e vilas da Ucrânia nas últimas 24 horas, em mais uma série de ataques que tiveram início nesta semana após uma explosão atingir a ponte que liga a Crimeia à Rússia.
Em meio aos bombardeios, o governador empossado pelo Kremlin na região de Kherson, uma das quatro províncias anexadas pelo presidente Vladimir Putin, pediu aos moradores para que deixem suas casas em meio ao conflito.
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No dia seguinte à votação no Conselho de Segurança das Nações Unidas que condenou a anexação das regiões, o governador Vladimir Saldo pediu ajuda a Moscou para retirar os civis que estão sofrendo com os ataques constantes.
Desde agosto, Kherson tem sido o centro da grande contra-ofensiva ucraniana para retomar regiões no sul e no leste do país. Kiev afirma já ter recuperado mais de 5 mil quilômetros quadrados de seu território. No entanto, segundo autoridades na região, o Exército russo não está se preparando para deixar o local.
Depois do sucesso da operação de retomada da Ucrânia e do ataque à ponte que liga a Crimeia ao território russo, o Kremlin intensificou sua campanha aérea, levando a pedidos do governo ucraniano por mais ajuda militar defensiva aos países do Ocidente.
A situação tem também preocupado a Europa como um todo, que teme que os ataques possam respingar em outros países. Nesta quinta-feira, aliados da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) se reuniram em Bruxelas e revelaram planos de reforçar suas defesas aéreas nas próximas semanas. Anteriormente, a aliança também havia anunciado que iria reforçar suas infraestruturas críticas e áreas governamentais.
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“Estamos vivendo tempos ameaçadores e perigosos”, disse a ministra da Defesa alemã, Christine Lambrecht, em uma cerimônia na qual a Otan se comprometeu a adquirir armas para criar um “escudo do céu europeu”.
Moscou fez um novo alerta de que a ajuda fornecida pelo Ocidente a Kiev é “uma parte direta do conflito” e reforçou que a entrada da Ucrânia na aliança militar irá desencadear um conflito global.
“O governo ucraniano está bem ciente de que tal passo significaria uma escalada garantida para uma Terceira Guerra Mundial”, disse o vice-secretário do Conselho de Segurança da Rússia, Alexander Venediktov, à agência de notícias estatal TASS.
Apesar do estímulo frequente à ideia, dificilmente a Ucrânia fará parte da Otan em um futuro próximo, porque isso colocaria os Estados Unidos e os países europeus diretamente na guerra.
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Na reunião desta quinta, que incluiu conversas a portas fechadas sobre planejamento nuclear, o secretário de Defesa americano, Lloyd Austin, prometeu defender “cada centímetro” de território dos membros da aliança.
Nas últimas 24 horas, mísseis russos atingiram mais de 40 assentamentos, enquanto a Força Aérea ucraniana realizou 32 ataques a 25 alvos russos, de acordo com o Estado-Maior das Forças Armadas da Ucrânia.
Segundo o governo ucraniano, os ataques russos têm o objetivo de atingir áreas civis e infraestrutura energética, para deixar vastas regiões do país sem eletricidade e usar o frio como arma. No entanto, a Rússia continua negando atacar civis e afirma que os alvos são estruturas de comunicação.
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De acordo com autoridades nacionais, pelo menos 26 pessoas foram mortas desde segunda-feira 10 e 28 instalações de energia relataram problemas no seu fornecimento.