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Governador nos EUA quer banir apresentações de drag queens

Grupos de direitos civis e artistas afirmam que restrições são inconstitucionais, vagas e redundantes

Por Da Redação
28 fev 2023, 19h01

Ao conversar com repórteres do lado de fora de uma escola no Tennessee, nos Estados Unidos, o governador Bill Lee afirmou na segunda-feira, 27, que vai assinar projetos de leis aprovados na Câmara dos Deputados que restringem apresentações de drag queens em público e proíbem tratamentos para jovens transgêneros. 

Curiosamente, em seguida, Lee apontou para uma fotografia no anuário do ensino médio e mostrou uma foto dele mesmo vestido de líder de torcida, peruca e um colar de pérolas. Ao ser questionado sobre as memórias de quando ele se vestia como uma mulher, em 1977, o republicano apenas respondeu que a pergunta era “ridícula”.

Ed Krassenstein
Bill Lee em 1977 (Ed Krassenstein/Twitter)

“Combinando algo assim com entretenimento sexualizado na frente de crianças, que é um assunto muito, muito sério”, acrescentou.

Segundo o político, o projeto de lei drag, que entra em vigor no primeiro dia do mês de abril, protege as crianças de serem “potencialmente expostas ao entretenimento sexualizado, à obscenidade”. 

Tradicionalmente, drag queen são pessoas do sexo masculino que usam roupas e maquiagem para imitar e frequentemente exagerar traços femininos para fins de entretenimento, como a apresentadora americana RuPaul e as cantoras brasileiras Pabllo Vittar e Gloria Groove.

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Capa da parte 2 de '111', de Pabblo Vittar
Capa da parte 2 de ‘111’, de Pabllo Vittar (Ernna Cost/Divulgação)

Outro projeto de lei que Lee vai assinar proíbe os médicos de fornecer tratamento médico de afirmação de gênero , como bloqueadores de puberdade, terapia hormonal e cirurgia, para menores idades transgêneros.

No caso de apresentações drag, grupos de direitos civis e artistas afirmam que as restrições são inconstitucionais, vagas e redundantes, principalmente porque as performances de drag modernas, que há muito floresceram em locais frequentados pela comunidade LGBTQIA + antes de se tornarem um entretenimento mais popular nos últimos anos, na maioria das vezes não envolvem nudez.

Vários artistas que oferecem brunches drag em restaurantes ou horas de leitura na biblioteca com crianças afirmaram que são capazes de adaptar seus shows para serem adequados para crianças ou famílias. 

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Porém, o deputado republicano autor do projeto de lei, Chris Todd, argumentou que mesmo os shows que se apresentam como adequados para a família são inapropriados ou até mesmo prejudiciais para as crianças. 

“O objetivo final é o apagamento público das pessoas LGBTQ”, disse a diretora jurídica da American Civil Liberties Union do Tennessee, Stella Yarbrough. “Eles têm esse ponto cego em que parecem se permitir fazer as mesmas atividades porque atribuem a si mesmos uma intenção inocente e atribuem a outros uma intenção culpada ou sexualmente pervertida, e é apenas um padrão duplo”.

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“O projeto de lei protege especificamente às crianças de entretenimento obsceno e sexualizado, e qualquer tentativa de confundir esse problema sério com tradições escolares alegres é desonesta e desrespeitosa para as famílias do Tennessee”

Se por um lado, nos Estados Unidos há uma movimentação republicana para regular a conduta da comunidade LGBTQIA +, no Brasil, a cultura drag tem conquistado importância no cenário nacional. 

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Em 2019, por exemplo, a cantora e drag queen Pabllo Vittar foi eleita “líder da próxima geração” pela revista americana Time. Em 2022, a drag queen Gloria Groove, foi reconhecida no UK Music Vídeo Awards – evento que premia os melhores clipes musicais de todo mundo – e ganhou o prêmio de “Melhor Cabelo e Maquiagem em Vídeo”. 

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