França segue sob protestos contra a reforma da previdência de Macron
Presidente francês aumentou idade da aposentadoria sem consultar o Congresso, que vota nesta segunda duas moções de desconfiança contra o governo
Pressionado pelos protestos violentos que eclodiram no final da semana passada nas ruas de Paris e de outras cidades francesas, o presidente da França, Emanuel Macron, passará por um teste de fogo nesta segunda-feira.
O parlamento francês votará ao menos duas moções de desconfiança contra o governo, que determinou no início do mês, por meio de um decreto, a ampliação da idade mínima para a aposentadoria no país, de 62 para 64 anos de idade, desencadeando um movimento nacional de manifestações que incluiu uma greve nos serviços de coleta de lixo.
As mudanças na previdência não foram referendadas pelo Parlamento francês. Ainda que não haja a expectativa de que Macron possa ser destituído do cargo, a aprovação das moções será mais um indicativo de que o presidente não goza do apoio da sociedade. A aprovação das moções, contudo, poderia derrubar o decreto presidencial que permitiu a mudança sem deliberação do legislativo e poderá também colocar na berlinda a primeira-ministra do país, Elisabeth Borne.
Diversos confrontos são registrados na França desde a última quinta-feira. Ao menos 500 pessoas já teriam sido presas nas manifestações. Só na noite deste sábado, 81 manifestantes foram presos em confrontos com a polícia, segundo a agência Reuters.
O governo de Paris proibiu protestos em áreas turísticas da capital francesa após dois dias de confrontos na Praça da Concórdia, que fica em frente ao palácio do Parlamento, e na avenida Champs-Élysées. As manifestações deste ano são as maiores registradas no país desde o movimento dos coletes amarelos, em 2018.