FBI conduz buscas em casa de desafeto de Trump: ‘Ninguém está acima da lei’
Operação na residência de John Bolton, ex-conselheiro de Segurança Nacional, integra investigação sobre manuseio de documentos confidenciais, diz agência

O FBI fez buscas nesta sexta-feira, 22, na casa do ex-conselheiro de Segurança Nacional, John Bolton, que se tornou um crítico do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A operação na residência em Maryland, integra uma investigação sobre manuseio de documentos confidenciais, informou a agência de notícias Associated Press, com base em uma fonte familiarizada com o assunto.
No X, antigo Twitter, o diretor do FBI, Kash Patel, publicou uma publicação enigmática, em um suposto recado a Bolton: “NINGUÉM está acima da lei… Agentes do FBI em missão”, escreveu ele. Patel foi seguido por seu vice, Dan Bongino, que afirmou também na rede social que “a corrupção pública não será tolerada”, sem oferecer mais detalhes.
Até o momento, não há informações oficiais sobre as alegações que fundamentariam um mandado do tribunal federal contra o ex-conselheiro de Trump. Ele também não foi formalmente acusado de qualquer crime, informou a agência de notícias.
A busca teve início às 7h (8h em Brasília). Ao ser contatado pela emissora americana CNN, Bolton disse não ter conhecimento da atividade policial e que procurava informações. Ele não estava em casa no momento da operação. Segundo a Associated Press, o ex-conselheiro estava em um prédio em Washington, D.C., onde mantém um escritório, tendo sido visto conversando com duas pessoas com coletes do FBI.
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Brigas internas
Bolton foi o terceiro conselheiro de Segurança Nacional no primeiro mandato de Trump. Mas logo os dois entraram em atrito por questões relacionadas ao Irã, Afeganistão e Coreia do Norte. Ele permaneceu no cargo por apenas 17 meses, entre 2018 e 2019. Um ano mais tarde, Bolton lançou o livro The Room Where It Happened: A White House Memoir, um livro de memórias sobre o seu tempo no governo Trump. Na época, o republicano tentou, sem sucesso, impedir a publicação da obra por supostamente ter informações confidenciais.
A sinopse define o livro como “o relato mais abrangente e substancial da Administração Trump, e um dos poucos até à data escrito por um alto funcionário”, acrescentando em tom crítico: “O que Bolton viu deixou-o atónito: um Presidente para quem a reeleição era a única coisa que importava, mesmo que isso significasse pôr em perigo ou enfraquecer a nação”. Ao retornar à Casa Branca, em 20 de janeiro, Trump revogou as autorizações de segurança de mais de quatro dúzias de ex-oficiais de inteligência, incluindo Bolton.