Familiares pedem justiça no funeral de George Floyd nos EUA
"Enquanto eu respirar, a justiça será feita", discursou uma sobrinha do ex-segurança. Joe Biden também participou e pediu o fim do racismo
Familiare se amigos se despediram nesta terça-feira, 9, de George Floyd, o homem negro cuja morte sob custódia policial provocou uma onda de protestos contra o racismo por todo o mundo, em um emocionante funeral em Houston, sua cidade natal. O ex-segurança de 46 anos foi exaltado como um “gigante gentil” e como um símbolo da luta dos oprimidos no país.
Os parentes de Floyd, a maioria deles vestidos de branco, falaram ao microfone e o descreveram como dono de uma personalidade amável. A sobrinha do de Floyd, Brooke Williams, parafraseou as últimas palavras do tio em um discurso que atraiu aplausos do público na Igreja Fountain of Praise: “Eu consigo respirar. E enquanto eu respirar, a Justiça será feita.”
Floyd morreu em 25 de maio, em Minneapolis após o policial Derek Chavin ajoelhar sobre seu pescoço por mais de oito minutos. Desarmado, o ex-segurança, detido sob a suspeita de ter utilizado uma nota de 20 dólares falsa, repetiu “eu não consigo respirar” diversas vezes até perder a consciência. Chauvin, de 44 anos, foi acusado de assassinato em segundo grau, e outros três policiais presentes foram acusados de auxílio e cumplicidade no crime.
Brooke Williams ainda ironizou o presidente Donald Trump, sem citar seu nome, ao lembrar o lema de sua campanha, “Torne a América ótima novamente”. “Chega de crimes de ódio, por favor. Alguém disse para tornarmos a América ótima novamente. Mas quando a América já foi ótima mesmo?”, questionou a jovem.
Joe Biden, o candidato democrata às eleições presidenciais de novembro e, portanto, opositor de Trump, participou da cerimônia por meio de videoconferência. “Não podemos voltar as costas e ignorar o racismo que fere a nossa própria alma”, discursou Biden, que ainda dedicou algumas palavras à filha de Floyd, Gianna, de apenas seis anos. “Você é tão corajosa. O teu pai está te olhando lá de cima e muito orgulhoso.”
Aconselhados a se protegerem contra a pandemia do coronavírus e usarem máscaras sobre suas bocas e narizes, alguns dos presentes no funeral desta terça-feira usavam as máscaras com as palavras “Eu não consigo respirar.” “Isso não foi apenas uma tragédia, foi um crime”, disse o reverendo Al Sharpton, um importante líder na luta pelos Direitos Civis.
“Até que essas pessoas paguem pelo que fizeram, estaremos lá com elas, pois vidas como a de George Floyd não importarão até que alguém pague o preço por abreviá-las.” Cerca de 500 pessoas foram convidadas ao funeral desta tarde. Na véspera, no início da cerimônia no Texas, cerca de 6.000 pessoas cercaram a igreja. Outras cerimônias de despedida foram realizadas na semana passada em Minneapolis e em Raeford, no Estado da Carolina do Norte, onde Floyd nasceu.
“Essa é a celebração de sua ida para casa”, disse a reverenda Mia Wright, pastora na igreja, aos presentes. Faixas apresentavam ilustrações de Floyd no estilo “pop art”, vestindo um boné, e com uma auréola sobre sua cabeça. Embalada por canções gospel e vídeos com memórias da vida do homem de 1,98m que era conhecido como “Big Floyd”, a cerimônia terminou quando o corpo foi levado até o cemitério. Floyd foi enterrado ao lado do túmulo de sua mãe.