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Ex-estrategista de Trump é condenado por desacato ao Congresso dos EUA

Steve Bannon foi considerado culpado por se recusar a entregar documentos ao comitê que analisa a invasão no Capitólio em 6 de janeiro de 2021

Por Matheus Deccache Atualizado em 22 jul 2022, 19h03 - Publicado em 22 jul 2022, 17h20

Steve Bannon, ex-assessor e guru do ex-presidente americano Donald Trump, foi considerado culpado nesta sexta-feira, 22, por desacato ao Congresso após desafiar uma intimação do comitê seleto da Câmara que investiga o ataque de 6 de janeiro ao Capitólio.

A condenação representa uma vitória para o comitê, que continua buscando a cooperação de testemunhas relutantes em sua investigação histórica, e para o Departamento de Justiça, que está sob intenso escrutínio por sua abordagem de assuntos relacionados à invasão no Capitólio. 

+ Trump optou por não agir, conclui investigação sobre invasão no Capitólio

Após quatro dias de julgamento, o júri chegou ao veredicto de maneira unânime em menos de três horas, considerando Bannon culpado por se recusar a comparecer a um julgamento e por não fornecer documentos requeridos para a investigação. Cada uma das acusações prevê uma pena mínima de 30 dias em uma prisão federal e ele pode pegar até dois anos.

A acusação apontou para os contatos de Bannon com Trump antes da invasão no Capitólio, sua presença no dia anterior ao ataque na chamada sala de guerra dos aliados de Trump no Willard Hotel, em Washington, além de uma “previsão” que ele fez em seu podcast antes do motim, dizendo que “todo o inferno iria se soltar”.

“Em suma, Bannon parece ter desempenhado um papel multifacetado nos eventos de 6 de janeiro, e o povo americano tem o direito de ouvir seu testemunho em primeira mão sobre suas ações”, diz o relatório do comitê da Câmara.

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O ex-assessor de Trump é uma das duas testemunhas que optaram por não cooperar com as investigações, tendo se recusado a prestar depoimentos e a comparecer no tribunal para esclarecimentos. Segundo o argumento final do Departamento de Justiça nesta sexta, o caso “não era complicado”, mas sim “importante”.

“Este é um caso simples sobre um homem que se recusou a jogar pelas regras do governo e a reconhecer a autoridade do Congresso nacional”, disse a promotora Molly Gaston. 

Bannon inicialmente argumentou que seu testemunho foi protegido pela alegação de privilégio executivo de Trump. Mas o comitê da Câmara e o Departamento de Justiça garantem que tal afirmação é duvidosa, uma vez que ele foi demitido por Trump em 2017 e o ex-assessor era, portanto, um cidadão sem ligações oficiais com o governo quando estava agindo nos atos de 6 de janeiro. 

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+ Steve Bannon: Trump planejava declarar vitória em 2020 mesmo sem vencer

A defesa de Bannon tentou argumentar dizendo que a principal testemunha do governo, a conselheira-chefe do comitê, Kristin Armeling, foi pessoalmente tendenciosa, uma vez que ela assumiu durante depoimento que é uma democrata de longa data e amiga de um dos promotores há anos. 

Os advogados chegaram a emitir um pedido de absolvição na última quinta-feira, 21, alegando que acreditavam que as datas para entrega dos documentos e depoimento eram flexíveis, mas não obtiveram sucesso.

Também na quinta-feira, o comitê investigativo da Câmara afirmou que Trump não apenas falhou em agir, mas optou conscientemente por não agir durante a invasão. Testemunhas disseram que o ex-presidente não fez um único telefonema para autoridades de segurança durante o ataque ao Capitólio, nem para funcionários do então vice-presidente, Mike Pence, ou do governo em Washington, D.C.

O argumento é que a recusa de Trump em intervir no incidente equivaleu a um abandono de seu dever presidencial.

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