Ex-esposa de xeque de Dubai pede ajuda da ONU para custódia das filhas
Divorciada do xeque Saeed Al Maktoum, Zeynab Javadli hoje vive trancada em um hotel com as três filhas pequenas e pediu intervenção da ONU no tribunal
Advogados de Zeynab Javadli, ex-esposa do xeque Saeed Al Maktoum, um dos membros da família real de Dubai, apresentaram nesta terça-feira, 11, um pedido para o Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas intervir na batalha pela custódia de suas filhas.
O pedido sugere uma intervenção junto às autoridades dos Emirados Árabes Unidos, afirmando que Javadli enfrentou abuso, assédio e intimidação do ex-marido. Os advogados do xeque argumentaram que ela é uma mãe “inadequada”, o que ela negou.
Este é o caso mais recente em Dubai a revelar divergências dentro da família governante. Em um vídeo obtido pela emissora britânica BBC, Javadli pede ajuda e afirma que ela e suas filhas temem por suas vidas e segurança.
“Estamos efetivamente sem-teto e presos em um hotel em Dubai. Minhas filhas não podem sair por medo de que eu possa ser presa e eles sejam tirados de mim”, disse Javadli.
A ex-ginasta internacional de 31 anos do Azerbaijão permanece em Dubai desde o divórcio, no final de 2019, com suas três filhas pequenas. Ela teme que, caso deixe o país, nunca mais possa vê-las, e, por quase três anos de uma batalha com o ex-marido pela custódia, fica trancada no hotel.
Os dois se casaram em 2015 e moravam em Dubai, onde xeque Saeed faz parte da família governante – ele é sobrinho do governante de Dubai, o emir Mohammed bin Rashid Al Maktoum, que também passou por um divórcio feio.
Em seu apelo à intervenção das Nações Unidas, seus advogados no Reino Unido alegam que tanto sua liberdade de movimento quanto de expressão foram restringidas. O recurso alega que Javadli, seus filhos e seus pais foram atacados e agredidos quando a polícia de Dubai invadiu sua casa há dois anos. Ela transmitiu o evento nas redes sociais, atraindo a atenção mundial. Seus pais já retornaram ao Azerbaijão.
Nos últimos três anos, ela diz que batidas policiais em sua casa, intimações judiciais e mandados de prisão se tornaram parte da rotina.
O documento de 50 páginas também alega que seu caso não foi tratado de forma imparcial, alegando que a custódia foi concedida a Saeed sem o devido processo. Já os advogados do xeque alegaram no tribunal em Dubai que ela não manda suas filhas para a escola, mora em um local inadequado para as crianças e colocou em risco a saúde da menina mais nova. Javadli rejeitou as acusações e apresentou provas no tribunal.
Atualmente, ela está envolvida em um impasse com as autoridades de Dubai, porque mantém as filhas consigo ao invés de mandá-las para a escola, por medo de que elas possam nunca mais voltar. A escola pediu que ela participasse de uma reunião para discutir a situação, mas seus advogados acreditam que a ordem que concede a custódia das crianças ao xeque Saeed pode ser executada a qualquer momento, inclusive quando forem para a escola.
O caso de Javadli se encaixa no padrão de tratamento a ex-esposas de membros da família governante. A princesa Haya, ex-esposa do xeque Mohammed bin Rashid Al Maktoum, fugiu dos Emirados Árabes Unidos em 2019, dizendo que temia por sua vida. No início deste ano, a princesa ganhou uma batalha no mais alto tribunal do Reino Unido, que lhe deu a custódia exclusiva de seus dois filhos.
Antes disso, a filha do xeque Mohammed, a princesa Latifa, alegou sofrer sob o controle coercitivo de sua família. Ela tentou fugir do país em 2018, em um barco, mas a embarcação foi interceptada no Oceano Índico e ela foi trazida à força de volta para Dubai. Desde então, ela alega estar sendo mantida em cativeiro em vídeos secretos, mas recentemente ressurgiu em público, dizendo que está bem e vivendo como deseja.