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Ex-chefe do Banco Central Europeu montará governo emergencial na Itália

Mario Draghi, conhecido por sua liderança durante a crise da Zona do Euro, foi a opção do presidente para evitar novas eleições e agilizar combate à Covid

Por Da Redação
Atualizado em 4 jun 2024, 13h58 - Publicado em 3 fev 2021, 12h08

Mario Draghi, presidente do Banco Central Europeu de 2011 a 2019, aceitou nesta quarta-feira, 3, a incumbência de formar um governo de emergência na Itália, depois que as negociações para reorganizar o Executivo do ex-premiê Giuseppe Conte falharam.

“É um momento difícil. O presidente relembrou a dramática crise sanitária e seus graves efeitos na vida das pessoas, na economia e na sociedade. A emergência requer soluções à altura. Respondo positivamente à convocação do presidente”, disse Draghi, após reunir-se com Sergio Mattarella.

O presidente preferiu a indicação como alternativa à convocação de novas eleições para enfrentar de forma imediata a crise econômica e a pandemia da Covid-19, já que o país foi um dos mais atingidos pelo vírus na Europa. Draghi é considerado um técnico e tem muito prestígio na Itália, e Mattarella indicou que um governo formado por ele teria “alto perfil institucional”.

Contudo, o ex-chefe do Banco Central Europeu vai precisar conquistar a maioria no Parlamento em um contexto de intensos embates políticos. A maior legenda, o Movimento Cinco Estrelas (de Conte, que perdeu o governo), já adiantou que não o apoiará.

A extrema-direita, representada por Matteo Salvini, também anunciou publicamente a preferência por novas eleições, embora admita esperar os planos do eventual governo.

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O Partido Democrata (PD), de centro-esquerda, o Itália Viva, de centro e o Força Itália, do conservador Silvio Berlusconi, e algumas outras legendas menores, de centro, já manifestaram apoio ao indicado por Mattarella.

O recente caos político da Itália começou porque um pequeno partido retirou seu apoio ao frágil governo de coalizão de Conte. O gabinete perdeu a maioria necessária no Parlamento e o premiê renunciou, o que levaria a uma eleição antecipada em plena pandemia.

Agora primeira tarefa de Draghi será trabalhar em um programa de governo e na formação de uma equipe de ministros. Depois disso, ele iniciará rodadas de consultas com os partidos, para buscar apoio. Apenas se obtiver o respaldo necessário, o indicado poderá aceitar o cargo de maneira definitiva.

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“O que for necessário”

Draghi foi presidente do Banco Central Europeu por oito anos, inclusive durante um dos momentos mais agudos da história da Zona do Euro. A crise da dívida pública gerou preocupações de que a região de 19 países se desintegrasse, mesmo com um pacote de resgate de 750 bilhões de euros negociado com o Fundo Monetário Internacional (FMI).

O ex-presidente do banco é lembrado por um discurso que fez em Londres, em 2012, para tranquilizar os membros da Zona do Euro de que sua instituição faria “o que for necessário” para manter a estabilidade. Suas palavras acalmaram investidores e, efetivamente, salvaram a área do euro na época.

Depois disso, realizou políticas sem precedentes na região, como a introdução de taxas de juros negativas e a flexibilização quantitativa (criação de dinheiro “novo” pelo banco central). Ambos os instrumentos ainda estão em vigor.

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Talvez por isso a possibilidade de Draghi tornar-se o novo premiê tenha sido bem recebida nos mercados financeiros: os rendimentos dos títulos italianos caíram na manhã de quarta-feira, reduzindo custos de empréstimos para o governo italiano e sugerindo que investidores estavam mais confiantes em relação à Itália.

(Com EFE)

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