Ex-assessor de Trump é condenado à prisão por desacato ao Congresso
Steve Bannon será detido por quatro meses por se recusar a cooperar com investigação do Congresso sobre o ataque ao Capitólio dos EUA
Steve Bannon, antigo assessor do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, foi condenado a quatro meses de prisão nesta sexta-feira, 21. O ex-funcionário da Casa Branca foi acusado de prejudicar o andamento de investigações sobre o ataque ao Capitólio, ocorrido em janeiro de 2021.
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Além de impor a sentença de quatro meses de detenção, o juiz distrital Carl Nichols ordenou que ele pagasse uma multa de US$ 6,5 mil (R$ 33,6 mil). Na audiência de sexta-feira, o promotor J.P. Cooney disse que o réu escolheu “se intrometer em assuntos do Congresso”, mas que o ex-conselheiro de Trump “não está acima da lei”. Seus advogados disseram que vão recorrer da decisão.
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Bannon, de 68 anos, foi um dos principais articuladores da campanha do republicano em 2016, incluindo a forte oposição à imigração que ajudou a definir seu governo. Após a eleição de Trump, ele atuou como estrategista-chefe da Casa Branca em 2017.
O ex-assessor foi acusado de desacato ao Congresso em julho, por não fornecer documentos ou testemunhos ao comitê da Câmara dos Deputados que investiga o ataque ao Capitólio.
Seu advogado, David Schoen, alegou que Bannon foi encorajado a ignorar a intimação do Congresso depois que Trump invocou o privilégio executivo, medida que protege o sigilo de algumas comunicações da Casa Branca.
De acordo com investigadores, Bannon falou com Trump pelo menos duas vezes no dia anterior ao ataque à sede do Congresso. Ele também participou de uma reunião de planejamento em um hotel em Washington e disse em seu podcast de direita que “o inferno vai acontecer amanhã”.
O ataque ao Capitólio dos EUA ocorreu em 6 de janeiro de 2021, depois que o multidão convocada pelo ex-presidente invadiu a sede do poder legislativo para protestar contra o resultado da eleição presidencial de 2020, que levou o democrata Joe Biden ao poder.
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O incidente terminou com cinco mortes e deixou mais de 140 policiais feridos. Desde então, cerca de 880 pessoas foram presas em conexão com a violência, com mais de 400 confissões de culpa.
Os líderes do comitê chamaram a condenação de Bannon de uma vitória para o Estado de Direito. Bannon classificou as acusações como politicamente motivadas, atacando Biden e o procurador-geral Merrick Garland.
Além de Bannon, Peter Navarro, outro assessor do ex-presidente também é alvo da investigação por desafiar uma intimação do mesmo comitê, com data de julgamento marcada para 17 de novembro. Navarro se declarou inocente.
A sentença de sexta-feira não acaba com os problemas legais de Bannon. Ele foi indiciado no estado de Nova York em setembro por acusações de lavagem de dinheiro e conspiração no projeto de construção do muro ao longo da fronteira dos Estados Unidos com o México.
Se considerado culpado, o ex-funcionário de Trump pode pegar até 15 anos de prisão por essas acusações.