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Ex-advogado de Trump inicia depoimentos sobre Rússia e irregularidades

Michael Cohen, que admitiu ter mentido a senadores em 2017, volta a tratar temas que envolvem o presidente americano em audiências no Congresso

Por AFP 27 fev 2019, 01h14

Michael Cohen, ex-advogado de Donald Trump, começou, nesta terça-feira 26, uma maratona de depoimentos no Congresso dos Estados Unidos sobre supostas relações com a Rússia e práticas empresariais irregulares do presidente americano.

“Realmente usei esta oportunidade para esclarecer as coisas e dizer a verdade”, declarou Cohen, após a Comissão de Inteligência do Senado ouvi-lo na Câmara durante oito horas.

Segundo a CNN, Cohen explicou em detalhes a audiência prévia nesta mesma comissão em 2017, pois havia admitido que mentiu para os senadores, especialmente sobre seus contatos com funcionários russos em relação a um projeto imobiliário de Trump em Moscou em 2016.

O ex-guardião dos segredos da família Trump aparentemente não tem nada a perder, depois de ser condenado em dezembro a três anos de prisão por fraude fiscal, perjúrio e violação da legislação eleitoral. Sua sentença terá início em 6 de maio.

Aos 52 anos, Cohen, que proclamava há dois anos dispor-se a “levar um tiro” por seu chefe, se transformou em uma testemunha-chave contra o presidente após ter concordado em cooperar com as investigações.

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A Casa Branca já encara com preocupação a iminente conclusão da investigação do procurador especial Robert Mueller sobre a suposta interferência russa a favor de Trump para derrotar a então candidata democrata Hillary Clinton na eleição presidencial americana de 2016.

As três audiências – a primeira nesta terça-feira a portas fechadas, uma aguardada aparição pública na quarta-feira na comissão da Câmara de Representantes e outra privada na quinta – poderiam trazer novos problemas ao presidente.

O advogado de Cohen, Lanny Davis, tinha dito na semana passada à emissora ABC News que seu cliente detalharia “experiências pessoais de primeira linha” sobre Trump, que qualificou de “arrepiantes'”.

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Seu depoimento poderia, inclusive, ofuscar a cúpula entre Trump e o líder norte-coreano, Kim Jong Un, prevista para quarta e quinta-feira no Vietnã, sobre o arsenal nuclear da Coreia do Norte.

A porta-voz da Casa Branca, Sarah Sanders, havia previamente desconsiderado a credibilidade de Cohen, a quem qualificou que “criminoso desacreditado”.

“É risível pensar que se possa acreditar em um mentiroso condenado como Cohen e é patético dar a ele uma nova oportunidade de difundir suas mentiras”, declarou Sanders, nesta terça-feira, em Hanói.

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Perguntas incômodas

O segundo depoimento – o mais aguardado – ocorrerá nesta quarta-feira, quando Cohen se apresentará à Comissão de Supervisão da Câmara de Representantes, recentemente devolvida ao controle dos democratas. O depoimento será público e televisionado.

Será a oportunidade, disse Cohen na noite desta terça-feira, “de contar minha versão aos americanos” para que decidam “quem diz a verdade”.

Legisladores da ala esquerdista do Partido Democrata, como Alexandria Ocasio-Cortez e Rashida Tlaib, terão a oportunidade de fazer perguntas incômodas sobre as finanças da Organização Trump (para quem o advogado trabalhou por dez anos), as declarações de impostos do magnata, as questionadas prestações de contas de sua fundação e o projeto de construção de uma Torre Trump em Moscou durante a campanha para a Presidência dos Estados Unidos.

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Cohen também deverá ser interrogado sobre pagamento de 280 mil dólares para compra o silêncio de duas mulheres sobre supostas relações sexuais con bilionário.

O advogado, que já foi condenado por ter realizado esses pagamentos ilegais, disse à promotoria que cumpriu ordens de Trump, envolvendo no delito o próprio presidente, que foi a público culpar seu ex-advogado por má gestão do dinheiro.

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