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Europeus cobram responsabilidade de Boris Johnson pelo Brexit

Primeiro-ministro britânico não apresenta solução para impasse sobre as Irlandas e, a 46 dias para o Brexit, esquiva-se de novo acordo

Por Da Redação
Atualizado em 16 set 2019, 17h03 - Publicado em 16 set 2019, 16h35

Depois de reunir-se com o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, em Luxemburgo, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, disse que o Reino Unido está comprometido em intensificar as negociações sobre um acordo sobre o Brexit e para prolongar seu prazo de início, no dia 31 de outubro. Juncker, no entanto, afirmou que  Johnson não apresentou uma proposta para solucionar o problema da fronteira entre as duas Irlandas – o tema central de um novo pacto.

Johnson encontrou-se também com o primeiro-ministro de Luxemburgo, Xavier Bettel, mas preferiu fugir da entrevista coletiva de imprensa agendada pelos dois líderes. Protestos ocorriam nas proximidades contra o Brexit e Johnson. Sozinho, ao lado do púlpito que o premiê britânico deveria ocupar, Bettel disse aos manifestantes que era direito deles protestar contra a saída britânica. Quando se referiu a Johnson, gesticulando em direção ao púlpito vazio, disse que o tempo está esgotando e que Londres deve ter isso em mente.

O presidente da Comissão Europeia afirmou ser “responsabilidade do Reino Unido apresentar as soluções legalmente operacionais que sejam compatíveis com o acordo de retirada” de seu país da União Europeia. Em comunicado, a Comissão explicou que “essas propostas ainda não foram feitas”.

A República da Irlanda é independente e membro da União Europeia, mas a Irlanda do Norte faz parte do Reino Unido e será alto direto do Brexit. Um divórcio sem acordo transformará uma fronteira livre para o trânsito de bens e trânsito de pessoas em uma barreira dura, com regras definidas e fiscalização. Analistas temem a retomada de conflitos, na contramão do Acordo de Sexta-Feira Santa, de 1999, que pôs fim a décadas de hostilidades.

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Para contornar o problema, o acordo negociado pela ex-primeira-ministra Theresa May estipula o polêmico dispositivo do backstop, que manteria temporariamente a Irlanda do Norte dentro do mercado comum europeu até a assinatura de um novo pacto comercial entre o Reino Unido e a União Europeia. A ala conservadora britânica consideram o dispositivo como uma forma de Londres ficar atada à União Europeia, contrariando o referendo de 2016.

A reunião aconteceu em um restaurante no centro de Luxemburgo e  contou com a participação do negociador europeu para o Brexit, Michel Barnier. O objetivo foi debater os próximos passos dessa novela. Juncker lembrou que cabe ao Reino Unido propor “soluções” e ressaltou a “vontade e abertura” da Comissão para analisar essas propostas. O presidente da Eurocâmara, David Sassoli, afirmou na quinta-feira 13, que os parlamentares não aprovarão o divórcio sem que a salvaguarda para a fronteira das Irlandas esteja garantida.

Bettel descartou a opção de estender o prazo do Brexit e acusou Johnson de criar um cenário de incerteza para os cidadãos europeus que vivem no Reino Unido e que serão afetados, caso a saída de sê sem acordo. “As pessoas precisam saber o que vai acontecer com elas em seis semanas. Elas precisam ter certeza e estabilidade. Você não pode usar o futuro delas como refém para obter ganhos políticos”, disse.

“O futuro dos cidadãos britânicos e europeus que vivem no Reino Unido está nas mãos de Johnson. É de sua responsabilidade. Seu povo e o nosso contam com você, mas o tempo está passando, use-o com sabedoria”, afirmou.

(Com Reuters e AFP)

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