EUA, Rússia, Europa e Ucrânia: O que cada lado quer da reunião entre Trump e Zelensky
Líderes se reúnem na Casa Branca nesta segunda-feira, 18, poucos dias após encontro entre republicano e Putin no Alasca
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o seu homólogo da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, se preparam para um encontro na Casa Branca nesta segunda-feira, 18, poucos dias após uma reunião entre o republicano e o presidente da Rússia, Vladimir Putin, que terminou sem qualquer avanço em direção ao fim da guerra, iniciada em fevereiro de 2022.
A bilateral foi quase que transformada em uma cúpula, com líderes do Reino Unido, França, Alemanha, Itália, Finlândia, União Europeia (UE) e Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) cruzando o Atlântico para apoiar o líder ucraniano na reunião. A pressão da Europa ocorre em meio ao estreitamento dos laços entre Trump e Putin, por mais que a relação entre os dois seja marcada por vai-e-vens, de declarações de admiração a xingamentos.
No encontro na última sexta-feira, 15, no Alasca, o líder americano disse que conversas foram “produtivas”, mas que “não há um acordo (de cessar-fogo) fechado”, embora exista “uma boa chance de chegar lá”. Não houve avanço, apenas um precioso ganho de tempo por Putin para evitar sanções, como Trump havia prometido, caso não se comprometesse com as negociações de paz na Ucrânia.
Apesar da pressão da Casa Branca, as condições da Rússia para um eventual cessar-fogo seguem inalteradas, segundo o Kremlin, girando em torno da retirada completa de tropas de Kiev das regiões que Moscou pretende anexar (cerca de 20% do território do vizinho) e o abandono das ambições ucranianas de se juntar à Otan, principal aliança militar ocidental. Com os ânimos elevados pela falta de avanços concretos, Trump, Zelensky e a trupe europeia discutirão nesta segunda. Veja abaixo o que Ucrânia, Europa e EUA demandam para o fim do conflito, que avança para o seu quarto ano.
Ucrânia e Europa
Nas últimas semanas, Trump alertou Zelensky de que as tratativas podem envolver “alguma troca de territórios”, o que representa uma vitória para Putin. Em 2022, o líder russo anexou ilegalmente quatro regiões da Ucrânia: Luhansk, Donetsk, Kherson e Zaporizhzhia, atraindo uma chuva de críticas da comunidade internacional. Quase uma década antes, ele já havia tomado o controle da Crimeia, uma península ucraniana.
Embora pressionada por Trump, a Ucrânia não pode constitucionalmente abrir mão de territórios. Além disso, Zelensky rejeita qualquer proposta que fira o princípio da soberania. Mas, caso aceite a concessão, tropas ucranianas deverão bater em retirada de Luhansk e Donetsk, áreas que nunca foram completamente dominadas pelos russos desde o início da guerra, em fevereiro de 2022. A tomada das regiões também possibilitará que Putin, caso bem entenda, lance uma nova invasão à Ucrânia.
Ao mesmo tempo, Zelensky parece estar preocupado com os sinais de Trump de que não está comprometido com um cessar-fogo, mas com um acordo de paz completo. As negociações, no entanto, podem se arrastar por um longo período, e a falta de uma trégua permitirá o prosseguimento de ataques russos. Civis continuarão a morrer nos bombardeios, enquanto militares ucranianos seguirão sofrendo baixas nas linhas de frente. Não é um bom cenário para Zelensky, que luta por garantias de segurança e por uma pausa prolongada nas hostilidades.
A Europa, por sua vez, sobem o tom com Trump para defina quais são as garantias de segurança confiáveis dos EUA para a Ucrânia. Emmanuel Macron (França), Keir Starmer (Reino Unido), Friedrich Merz (Alemanha), Giorgia Meloni (Itália), Alexander Stubb (Finlândia), Ursula von der Leyen (Comissão Europeia, braço executivo da UE), Mark Rutte (Otan) também devem aumentar a pressão para que o governo ucraniano não tenha de ceder territórios. A perspectiva de que o mapa europeu, alvo de tantas mudanças ao longo das Guerras Mundiais, seja redesenhado é um pesadelo para esses países.
Estados Unidos
Desde que retornou à Casa Branca, em 20 de janeiro, Trump chacoalhou o tabuleiro da guerra na Ucrânia. Ao contrário do seu antecessor, Joe Biden, ele optou pela aproximação de Putin e pelo afastamento de Zelensky — segundo Trump, o ucraniano torna “muito difícil” fechar acordos. No domingo, 17, o republicano voltou a pressionar Kiev a abrir mão da adesão à Otan e da Crimeia, sugerindo também que entregasse os territórios demandados pelo líder russo na região de Donbass.
O enviado de Trump, Steve Witkoff, afirmou que Washington forneceria garantias de segurança à Europa para dissuadir novas agressões, mas os detalhes ainda não foram estabelecidos. Para o presidente dos EUA, qualquer acordo vale, não importa a condição imposta à Ucrânia. Afinal, Trump está há quase sete meses no poder e ainda não conseguiu avançar nas negociações de paz, embora tenha prometido em campanha que encerraria a guerra em “24 horas” caso voltasse à Presidência.
As tratativas desta segunda trazem à memória a constrangedora discussão entre Trump e Zelensky, que foi ferozmente criticado e encurralado pelo presidente dos EUA e seu vice, J.D. Vance, no Salão Oval em fevereiro. Dessa vez, o ucraniano periga se deparar com um acordo “pegar ou largar”, sendo incentivado a ceder a todo custo. Caberá aos europeus subirem o tom de voz. Com um Trump cada vez mais impaciente, o futuro da Ucrânia se torna imprevisível.
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