EUA reabrem divisa com México, mas a reforça contra ‘invasão’ de migrantes
Fronteira entre San Diego e Tijuana ficou fechada no final de semana; militares instalaram cercas de arame farpado em Laredo
Por Da Redação
Atualizado em 30 jul 2020, 20h03 - Publicado em 19 nov 2018, 20h19
A fronteira de San Ysidro, que liga a cidade americana de San Diego à mexicana Tijuana foi reaberta nesta segunda-feira (19), depois de várias horas fechada com “materiais de reforço”. O fechamento das passagem surpreendeu as milhares de pessoas que transitam pelos dois países diariamente e teve o objetivo de prevenir uma tentativa de ingresso ilegal de imigrantes das caravanas vindas da América Central.
Cerca de 3.000 imigrantes já se concentram em Tijuana. Milhares estão a caminho, vindos de El Salvador, Guatemala e Honduras. Uma quarta caravana, de ônibus, deixou San Salvador no domingo. Os centro-americanos fogem da violência das organizações criminosas (maras), da falta de oportunidades e dos acidentes naturais comuns na região. Pretendem se estabelecer como refugiados nos Estados Unidos.
A passagem de veículos e de pedestres foi interrompida temporariamente, mas sem aviso prévio. A situação foi normalizada apenas nesta manhã, segundo o Escritório de Alfândega e Proteção Fronteiriça (CBP) americano. A entrada para o México não foi afetada.
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As autoridades americanas explicaram que fecharam a passagem depois de terem conhecimento que “grupos de pessoas das caravanas estavam se reunindo em Tijuana para uma possível tentativa de entrar ilegalmente”.
Durante esse período, foram instalados diversos “obstáculos” com o objetivo de restringir o “acesso de um grande grupo” de migrantes em San Ysidro. Dezenas de agentes de segurança protegiam a passagem do México para a Califórnia, enquanto notificavam os motoristas que esperavam em fila sobre a decisão tomada.
Todos os dias, a fronteira internacional de San Ysidro registra a passagem de uma média de 50.000 veículos e 25.000 pedestres. Durante o repentino fechamento, a entrada em San Diego foi limitada ao porto internacional de Otay Mesa e a uma passagem somente para pedestres, que registrou demora mais longa que a habitual.
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Laredo
Durante o final de semana, cerca de 100 soldados do 19° Batalhão de Engenheiros do Exército americano, vindos de Fort Knox, no Kentucky, desenrolaram carreteis de arame farpado em Laredo, cidade na fronteira com o México, às margens do Rio Grande.
Como medida para prevenir o ingresso dos imigrantes centro-americanos, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, enviou 5.800 soldados à fronteira com o México e promete reforçar esse contingente. Trump alega que o avanço da caravana de migrantes implica em “emergência nacional” e classifica esse movimento como uma tentativa de “invasão” a seu país.
Até agora, o aspecto mais visível da resposta de Trump é a cerca de arame — um obstáculo físico destinado a levar os centro-americanos a buscar outros pontos de entrada.
Durante o final de semana, o pelotão do tenente Alan Koepnick estendeu a cerca de arame ao longo das margens de um parque tranquilo junto ao rio, perto do centro de Laredo. Enquanto as famílias andavam com cães, faziam churrasco e relaxavam, os soldados montavam o arame, não sem rasgar os uniformes de camuflagem com as farpas de metal.
Koepnick reconheceu que alguns moradores de Laredo demonstraram preocupação com as cercas e a presença das tropas. “Mas também há muito apoio: pessoas que vêm, veteranos que apertam as mãos, nos trazem bolos, água, coisas assim”, disse Koepnick.
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A cerca de 100 metros atrás dele, um grupo de pessoas se concentrava na margem mexicana do rio Grande. “Você verá pessoas do outro lado do rio nos xingando em espanhol e jogando garrafas em nós. Mas deste lado é mais positivo”, disse Koepnick.
O tenente e seus homens estavam desarmados, embora um grupo de policiais militares armados permanecesse ao lado para protegê-los. Como as leis dos Estados Unidos não autorizam os militares a exercer funções policiais, os soldados não deverão ter ação direta com os imigrantes.
Trump, que pretende construir um muro ao longo dos 3.200 quilômetros de fronteira com o México, elogiou o trabalho militar na semana passada. “Eles construíram grandes cercas e construíram uma barreira muito poderosa”.
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Laura Pole, uma turista britânica que visita Laredo pela terceira vez, ficou menos entusiasmada. “Isso me lembra Hitler e os campos de concentração”, disse ela.
A missão militar na fronteira colocou o Exército americano sob um holofote desconfortável. Na semana passada, o secretário da Defesa, Jim Mattis, visitou essas tropas e destacou que os soldados não estão ali para fazer “manobras militares”, mas para ajudar os agentes da Alfândega e Proteção das Fronteiras (CBP, na sigla em inglês).
Apesar do arame farpado desenrolado em Laredo, as caravanas não tendem a seguir para essa passagem, mas para Tijuana, a pouco mais de 2.000 quilômetros dali. Para um agente alfandegário americano, a assistência militar ajuda em um região onde, todos os dias, “centenas” de imigrantes tentam atravessar fronteira.
A ação militar está programada para terminar em 15 de dezembro. “Ninguém parece saber quando será desmontada (a cerca). Realmente, não é decisão nossa”, explicou Koepnick.
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