EUA pedirão que militares brasileiros respeitem a democracia
Secretário de Defesa usará discursos em Brasília para ressaltar necessidade de Forças Armadas não interferirem em pilares democráticos, segundo agência
Em visita ao Brasil, o secretário de Defesa dos Estados Unidos, o general reformado Lloyd Austin, deve reforçar pedidos para que militares brasileiros respeitem o sistema democrático e eleitoral, afirmou à agência de notícias Reuters uma autoridade do Departamento de Defesa americano, que falou sob anonimato.
O pedido deve ser feito durante um encontro multilateral em Brasília sobre segurança das Américas, sediado pelo Brasil no biênio 2021/2022. Segundo a Reuters, o secretário de Defesa usará discursos nesta terça-feira, 26, e na quarta-feira, para ressaltar a necessidade de as Forças Armadas não interferirem em situações democráticas, como eleições.
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“Ao público como um todo, ele levará uma mensagem muito forte e clara sobre a necessidade de militares respeitarem democracias”, disse uma fonte sênior da Defesa americana, sob condição de anonimato, à agência.
As falas, segundo a fonte ouvida pela agência, teriam como pano de fundo as recentes declarações de Jair Bolsonaro – sobretudo na convenção de domingo, que oficializou sua chapa para a Presidência – sobre ter apoio militar. O presidente tentará a reeleição tendo como vice o militar da reserva Braga Netto, ex-ministro da Defesa e ex-ministro-chefe da Casa Civil.
O discurso, no entanto, não seria o primeiro do alto escalão do governo do presidente Joe Biden sobre a eleição brasileira. Na semana passada, o porta-voz do Departamento de Estado americano, Ned Price, voltou a defender o sistema eleitoral do Brasil, após um discurso de Bolsonaro a embaixadores de vários países, no qual repetiu suspeitas infundadas sobre a segurança das urnas eletrônicas.
Em comunicado, Price afirmou que o Brasil tem um forte histórico de eleições livres, justas e transparentes, e os Estados Unidos confiam que seu sistema eleitoral refletirá a vontade do povo nas eleições de outubro.
Bolsonaro disse a cerca de 40 membros do corpo diplomático em Brasília que o sistema de votação brasileiro era vulnerável a fraudes, alegação que ele fez repetidamente para questionar as eleições presidenciais de outubro, nas quais é candidato à reeleição. Assistiram ao seu discurso enviados dos Estados Unidos, União Europeia, França, Espanha, Portugal e outras nações.
O Departamento de Estado dos Estados Unidos disse que o povo do Brasil está profundamente comprometido com suas instituições democráticas.
“Eleições conduzidas pelo sistema eleitoral competente e testado pelo tempo e instituições democráticas do Brasil servem de modelo para as nações do hemisfério e do mundo”, disse o porta-voz.
Além disso, em maio, o diretor da Agência Central de Inteligência (CIA), William Burns, já havia comunicado a altos funcionários brasileiros que Bolsonaro deveria parar de questionar o sistema de votação de seu país. A indicada do presidente Joe Biden à embaixada do Brasil, Elizabeth Bagley, afirmou perante o Senado americano que “haverá eleições livres no Brasil apesar de Bolsonaro”.