EUA oferecem anistia a Maduro se ele deixar o poder, diz diplomata
Em entrevista ao 'The New York Times', funcionário do Departamento de Estado afirmou que seu país só quer que presidente venezuelano ‘vá embora’
Um diplomata americano afirmou que os Estados Unidos não vão processar ou aplicar uma punição contra o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, se ele deixar o poder voluntariamente.
Em entrevista ao jornal The New York Times, o enviado especial para Venezuela do Departamento de Estado americano, Elliott Abrams, afirmou que não há indicações de que Maduro esteja disposto a deixar o cargo, mas disse que sua mensagem de anistia era um aviso ao presidente venezuelano.
“Isso não é uma perseguição”, disse Abrams, na entrevista publicada nesta quarta-feira 28. “Não estamos atrás dele. Queremos que ele tenha uma saída digna e vá embora”.
A mensagem do diplomata vai na contramão da abordagem adotada pelo governo americano nos últimos anos, com duras sanções, isolamento internacional e ameaças de uma intervenção militar contra Maduro.
Na entrevista, Abrams também negou que representantes dos governos dos Estados Unidos e da Venezuela tenham se encontrado recentemente para negociar.
Na semana passada, o presidente americano, Donald Trump, disse que a Casa Branca estava em contato com o governo da Venezuela “nos mais altos escalões”. Horas depois, Maduro confirmou ter autorizado diretamente os encontros com enviados americanos.
“A ideia de que estejamos negociando está totalmente errada”, desmentiu Abrams. “A noção de que há um padrão de comunicações está errada. Há mensagens intermitentes e acredito que as pessoas vão achar que a mensagem enviada por Washington é totalmente previsível: ‘Você precisa retornar à democracia. Maduro precisa deixar o poder’”, disse.
As mensagens que os Estados Unidos enviam a Maduro são normalmente por meio de depoimentos à imprensa, no Twitter ou, em alguns casos, por diplomatas europeus ou líderes religiosos.
Negociações
Atualmente, negociações paralelas entre o governo Maduro e a oposição liderada pelo autoproclamado presidente interino Juan Guaidó são mediadas pela Noruega.
Nesta quarta-feira, contudo, Guaidó afirmou que o diálogo não funcionou, e por isso sua retomada é incerta. Os delegados de Maduro exigem que os Estados Unidos levantem as sanções que agravam a já crítica situação econômica do país.
“Neste momento, não há data para retomada do mecanismo de mediação do reino da Noruega até que consigamos que seja algo concreto para nos aproximarmos de uma solução”, afirmou Guaidó, referindo-se ao processo iniciado em maio passado.