EUA impõem novas sanções econômicas à Rússia
Medida é retaliação por envenenamento de ex-espião no Reino Unido; em paralelo, Moscou instala base de defesa antiaérea no Ártico
Novas sanções econômicas dos Estados Unidos à Rússia entraram em vigor nesta segunda-feira (27) como retaliação pelo suposto ataque com o agente neurotóxico Novichok no Reino Unido.
No início de agosto, os Estados Unidos concluíram que Moscou determinara o envenenamento, em março, do ex-agente duplo russo Sergei Skripal e sua filha Yulia em Salisbury. A substância foi desenvolvida pela União Soviética durante a Guerra Fria.
Devido ao uso de “armas químicas ou biológicas em violação do direito internacional”, Washington anunciou em 8 de agosto sua intenção de impor estas novas sanções, se o Congresso não se opusesse. Nesta segunda-feira, em um aviso publicado no Diário Oficial, o governo americano informou do início das medidas punitivas.
As sanções consistem na interrupção da ajuda estrangeira à Rússia, no bloqueio à venda de bens ou serviços relacionados com a defesa e a segurança nacional e na proibição de qualquer apoio oficial ao crédito para as exportações da Rússia.
As medidas, entretanto, têm suas brechas. Não serão sancionadas as vendas e os serviços relacionados com os lançamentos espaciais, tanto comerciais como governamentais. Além disso, o Departamento de Estado emitiu uma “renúncia parcial” não específica, para atenuar o impacto das sanções.
O efeito real das medidas é difícil de ser avaliado. Um alto funcionário americano estimou que poderiam custar “centenas de milhões de dólares” à economia russa – sobretudo, se a estas sanções se seguissem outras mais severas.
Só o anúncio desta decisão foi suficiente para derrubar os mercados financeiros russos e o rublo.
A Rússia rejeitou as acusações e disse que adotará represálias contra novas sanções. “Quaisquer que sejam as sanções contra a Rússia, as medidas de represália serão as mesmas”, disse a porta-voz do Ministério dos Assuntos Exteriores, Maria Zakharova, após o anúncio das sanções no início de agosto.
Militarização do Ártico
Em paralelo, nesta segunda-feira, Moscou anunciou a construção no Ártico de uma base militar de defesa antiaérea. O comandante da Frota do Norte, o almirante Nikolai Evmenov, viajou para o porto de Tiksi, no norte da região de Iacútia, para assistir à inauguração, segundo a imprensa local.
Os operários fincaram os pilares da cidadela onde viverão os militares da Força Aérea e da Frota do Norte, que estarão submetidos a temperaturas gélidas na maior parte do ano. A base, que ficará pronta em seis meses, contará com dormitório, edifício administrativo, usina hidrelétrica, caixa d’água e tanque para combustível, entre outras instalações.
Segundo o Ministério da Defesa, haverá bases para unidades de defesa antiaérea no arquipélago de Nova Zembla e em Dikson, a cidade mais setentrional da Rússia.
Na sua doutrina militar de 2015, o presidente russo, Vladimir Putin, deu especial atenção ao Ártico, que passou a ser uma das prioridades da defesa nacional para as próximas décadas.
Embora negue a militarização, Putin ordenou instalar uma rede de bases militares na região, que acolhe 80% das jazidas de hidrocarbonetos russos.
(Com EFE)