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ETA entrega lista de depósitos de armas após 40 anos de violência

O histórico de assassinatos, ataques com bomba, extorsões e sequestros do grupo deixou um balanço de 829 mortes

Por Da Redação 8 abr 2017, 11h18

Após mais de quatro décadas de violência, o grupo separatista basco ETA entregou neste sábado uma lista de esconderijos às autoridades francesas, que encararam o gesto como “um grande passo” e lançaram uma operação policial para localizá-los.

“Esta etapa de neutralização de um arsenal de armas e explosivos é um grande passo”, disse o ministro francês do Interior, Matthias Felk.

Segundo o ex-presidente da Liga Francesa de Direitos Humanos, associado ao processo, Michel Tubiana, os esconderijos contêm “120 armas de fogo, três toneladas de explosivos e milhares de munições”.

O ministro anunciou o lançamento de uma operação policial para localizar os oito esconderijos detalhados na lista. Teoricamente, devem encontrar nestes locais todas as armas e explosivos que restam ao ETA, que havia prometido um “desarmamento total”.

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A entrega desta lista foi anunciada mais cedo pela Comissão Internacional de Verificação (CIV), uma estrutura não reconhecida pelos governos espanhol e francês, mas apenas pelo executivo regional basco que trabalha pela paz.

“A Comissão acredita que este passo constitui o desarmamento do ETA”, disse Ram Manikkalingam, coordenador da CIV. “Este passo histórico ajudará a consolidar a paz e a convivência na sociedade basca”, acrescentou.

Segundo fontes próximas ao desarmamento, estes depósitos estão localizados no departamento dos Pirineus Atlânticos do sudoeste francês, fronteiriço com a Espanha e refúgio habitual do movimento clandestino.

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Se este desarmamento for confirmado, representará um avanço quase definitivo para o encerramento de um capítulo obscuro na história da Espanha, depois que o grupo renunciou definitivamente em 2011 à luta armada pela independência do País Basco e Navarra.

Ficaram para trás mais de quatro décadas de violência e atentados do grupo ‘Euskadi Ta Askatasuna’ (País Basco e Liberdade), nascido em 1959 na luta contra a ditadura de Francisco Franco, mas que prosseguiu com sua atividade após a chegada da democracia.

A organização atacou pela primeira vez em 1969. O histórico de assassinatos, ataques com bomba, extorsões e sequestros deixou um balanço de 829 mortes atribuídas à organização, a última delas em março de 2010, quando matou um policial em solo francês.

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ETA “agoniza”

Fontes judiciais em ambos os países estimam que o ETA “agoniza” e o movimento clandestino teria apenas “cerca de 30 membros” fora da prisão, onde ainda permanecem 360.

A CIV, que na sexta-feira recebeu o apoio dos governos regionais do País Basco espanhol e Navarra e da aglomeração do País Basco francês, acredita que o desarmamento é completo.

Desde 2011, o ETA resistia ao desarmamento incondicional e à dissolução exigida por Madri e Paris, e exigia uma negociação sobre o futuro de seus prisioneiros na Espanha e na França e de seus escassos militantes ativos.

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O desarmamento não altera, no entanto, a posição de Madri, que exigiu neste sábado que a organização peça perdão e se dissolva, insistindo que não deve esperar “nenhuma vantagem” depois de entregar a lista de depósitos de armas.

Este gesto é “consequência de sua derrota definitiva pela democracia espanhola” e, diante desta situação, a única solução para o ETA “é anunciar sua dissolução definitiva, pedir perdão as suas vítimas e desaparecer”, afirmou o governo em um comunicado.

Sem impunidade

À margem da operação de “desarmamento”, foi convocada uma “grande manifestação popular” para este sábado em Bayona.

Ela contará com a presença de associações e partidos políticos bascos que, com exceção do Partido Popular no poder na Espanha, pediram que Madri e Paris facilitem o desarmamento da organização para encerrar “uma etapa relacionada ao passado”.

Sua mensagem se choca com a dos familiares das vítimas da organização. Vinte associações pediram na sexta-feira em um comunicado conjunto que o fim do ETA não seja “presidido pela impunidade”, já que ainda restam centenas de crimes não resolvidos, e exigiram do grupo sua “dissolução incondicional e imediata”.

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Além disso, também pediram à França e à Espanha “a aplicação rigorosa da lei” contra os presos e os membros ainda ativos, diante da flexibilização da política penitenciária exigida pelo entorno do ETA e pelo nacionalismo basco.

(com AFP)

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