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Estupro com injúrias antissemitas impulsiona extrema direita da França

Caso gerou revolta devido à falta de segurança no país e aqueceu campanha do partido ultradireitista Reagrupamento Nacional nas eleições de 30 de junho

Por Da Redação
Atualizado em 19 jun 2024, 17h55 - Publicado em 19 jun 2024, 16h54

Uma menina de 12 anos foi estuprada no último sábado, 15, por dois meninos de 13 anos enquanto um terceiro a chamava de “judia suja”, na comuna de Courbevoie, na França. O episódio gerou comoção e revolta com a falta de segurança no país, de forma a impulsionar a campanha do partido ultradireitista Reagrupamento Nacional (RN), de Marine Le Pen, nas eleições legislativas, previstas para 30 de junho e 7 de julho.

A vítima havia ido encontrar um amigo, às 15h no horário local, quando foi encurralada. Ela foi levada para um prédio abandonado, espancada, fotografada, violentada sexualmente e ameaçada de ser queimada viva. Os agressores também afirmaram que seria morta se denunciasse o crime. A queixa foi prestada ainda no sábado. Eles foram presos dois dias depois, acusados de “estupro coletivo, ameaças de morte e insultos e violência de natureza antissemita”.

O caso inflamou o cenário político, já muito polarizado em razão da guerra entre Israel e o grupo palestino radical Hamas, iniciada em 7 de outubro de 2023. Apenas no primeiro trimestre deste ano, ocorrências antissemitas dispararam 300% na França, com uma estimativa de 366 incidentes, de acordo com o governo francês.

Os relatos de estupro também assustam. No último ano, a França registrou mais de 84 mil vítimas de violência sexual fora do eixo familiar, de acordo com dados do Ministério do Interior. O número representa aumento de 6% em relação a 2022.

A falta de confiança de que o presidente Emmanuel Macron é capaz de colocar o país nos trilhos — segundo sondagens do portal Politico, 71% dos franceses entrevistados desaprovam sua administração, contra apenas 28% favoráveis — levou o RN a ganhar terreno como um partido engajado na luta contra agressões antissemitas, no projeto de “erradicar as ideologias islâmicas e todas as suas redes do território nacional” e tornar segurança “uma prioridade”.

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Eleições legislativas

O pleito foi convocado antecipadamente depois de Macron dissolver o Parlamento francês, movimentação motivada pela derrota do seu partido, Renascimento (REM), nas votações para o Parlamento Europeu, braço legislativo da União Europeia (UE). Na ocasião, ele definiu os resultados das eleições como “um desastre que não pode ser ignorado” e argumentou que o “aumento dos nacionalistas e demagogos é um perigo”. O RN arrematou 31,37% dos votos, contra apenas 14,60% da coalizão do presidente francês, Besoin d’Europe.

Macron derrotou Le Pen nas eleições presidenciais francesas de 2017 e 2022, com 66,1% e 58,54% dos votos, respectivamente. Logo depois da convocação da corrida legislativa na França, Le Pen afirmou que sua vitória no Parlamento Europeu era um acontecimento “histórico” e que ela estava pronta para ganhar novamente, desta vez em nível nacional.

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