Em discurso na ONU, Erdogan compara Netanyahu a Hitler por mortes de palestinos
Líder turco também afirmou que, à luz da escalada de vítimas palestinas, Assembleia Geral deveria considerar recomendar o uso da força contra Israel
O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, comparou o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, com o líder da Alemanha nazista, Adolf Hitler, em discurso nesta terça-feira, 24, na 79ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York.
Na declaração, Erdogan apelou para que o premiê israelense seja preso pela morte de 41 mil palestinos, incluindo 17 mil crianças, desde o início da guerra contra o grupo palestino radical Hamas, em outubro do ano passado. Ele defendeu que é “imperativo para a comunidade internacional desenvolver um mecanismo de proteção aos palestinos”.
“Assim como Hitler foi detido pela aliança da humanidade há 70 anos, Netanyahu e sua rede de assassinatos também devem ser detidos pela aliança da humanidade”, disse ele, que também criticou a ONU por ter se tornado uma “uma estrutura disfuncional”. Estima-se que seis milhões de judeus tenham sido mortos pelo regime nazista.
“Me dirijo então ao Conselho de Segurança das Nações Unidas: o que vocês estão esperando para impedir o genocídio em Gaza? Para pôr fim a essa crueldade e a essa barbárie?”, questionou.
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Uso de força contra Israel
O líder turco também afirmou que, à luz da escalada de vítimas palestinas, a autoridade da Assembleia Geral deve considerar recomendar o uso da força contra Israel, com base na resolução “União pela paz”, aprovada em 1950. O texto prevê que, caso o Conselho de Segurança da ONU falhe em agir conforme sua sua responsabilidade, a Assembleia Geral “deverá tomar conta do assunto” e poderá sugerir “medidas coletivas… incluindo o uso de força armada quando necessário”.
Em seguida, Erdogan disse que, então, um “cessar-fogo imediato e permanente deve ser estabelecido, reféns e prisioneiros devem ser trocados, e ajuda humanitária deve ser entregue a Gaza sem impedimentos e ininterruptamente”.
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Críticas aos EUA
O presidente da Turquia também destinou comentários duros, mas indiretos, aos Estados Unidos, principal aliado do Israel. Ele afirmou que “aqueles que supostamente estão trabalhando por um cessar-fogo a partir deste estágio continuam a enviar armas e munições para Israel para que ele possa continuar seus massacres”. O líder americano, Joe Biden, que também discursou nesta terça-feira, estava na plateia.
“Por quanto tempo vocês vão conseguir carregar a vergonha de testemunhar esse massacre, queridos amigos, enquanto crianças morrem em Gaza, em Ramallah, no Líbano, enquanto bebês morrem em incubadoras?”, afirmou.
Erdogan disse que os países que apoiam Israel de “maneira incondicional” são responsáveis pela catástrofe na Faixa de Gaza e instou que o Estado da Palestina seja reconhecido “o mais rápido possível”. Após os ataques de 7 de outubro, Biden destinou apoio “sólido como uma rocha e inabalável” ao primeiro-ministro israelense. Em abril, o Congresso dos EUA aprovou um pacote de US$ 95 bilhões em ajuda externa, incluindo US$ 14 bilhões a Tel Aviv.