Envolvido em corrupção, presidente da Suprema Corte peruana renuncia
Congresso do país decide na sexta-feira se aceita a renúncia coletiva dos integrantes do Conselho Nacional da Magistratura
Envolvido em um escândalo de negociação de sentenças, o presidente da Suprema Corte do Peru, Duberlí Rodríguez, apresentou a sua “renúncia irrevogável” ao cargo nesta quinta-feira (19). Minutos antes, o presidente do Conselho Nacional da Magistratura (CNM), Orlando Velásquez, também desligara-se de seu cargo por causa do escândalo de corrupção.
Outros dois integrantes do CNM também renunciaram – os conselheiros Guido Aguila e Julho Gutiérrez. Um terceiro, Iván Noguera, é investigado no Parlamento. Um ministro da Corte Suprema, César Hinostroza, foi suspenso depois de ter oferecido a absolvição de um estuprador de menores.
Essas demissões foram o ponto culminante de uma crise no Judiciário peruano causada pela divulgação, na semana passada, de uma série de escutas telefônicas de conversas entre essas autoridades, empresários e políticos que denotam a existência de uma rede de tráfico de influência, suborno e prevaricação.
Os casos de corrupção nos três poderes do país provocaram grande rejeição da população, que convocou para esta quinta um protesto em Lima.
Protagonista de um dos áudios, o ministro de Justiça e Direitos Humanos, Salvador Heresi, pediu demissão, assim como cinco juízes da Corte Superior de Justiça de Callao. Entre eles, o presidente desse tribunal, Walter Ríos, que pedira um suborno de pelo menos 10.000 dólares em troca da nomeação de um promotor.
O CNM havia suspendido o chefe do Escritório Nacional de Processos Eleitorais (ONPE), Adolfo Castillo, por supostas irregularidades na inscrição de um partido para as eleições regionais e locais de outubro.
Na quarta, a Comissão de Justiça do Congresso pedira a destituição de todos os integrantes do CNM. O episódio deverá desencadear uma ampla reestruturação do Poder Judiciário peruano. Na sexta-feira, o plenário do Congresso se reunirá, a pedido do presidente peruano, Martín Vizcarra, para decidir se aceita a renúncia e destitui os magistrados.
A imprensa do país considera o escândalo uma triste repetição histórica no país. A divulgação áudios e vídeos gravados provocaram a queda do presidente Alberto Fujimori em 2000, a renúncia de Pedro Pablo Kuczynski, em março passado, e a suspensão do popular legislador Kenji Fujimori (filho do ex-governante), em junho.
(Com EFE)