Em vitória para Trump, Suprema Corte abre caminho para deportação de 500 mil imigrantes
Governo Trump poderá revogar proteções de liberdade condicional humanitária concedidas a cidadãos de Cuba, Haiti, Nicarágua e Venezuela

A Suprema Corte dos Estados Unidos permitiu nesta sexta-feira, 30, que o governo do presidente Donald Trump revogue proteções de liberdade condicional humanitária concedidas a mais de 500 mil imigrantes de quatro países: Cuba, Haiti, Nicarágua e Venezuela. Devido ao caráter emergencial, os juízes não justificaram e não assinaram a decisão.
O programa foi restabelecido no mandato do ex-presidente Joe Biden em 2022, tendo objetivo receber ucranianos afetados pela guerra contra a Rússia. A iniciativa permitia que imigrantes de países instáveis — por crises políticas e conflitos, por exemplo — entrassem nos EUA e obtivessem autorização de trabalho, desde que apresentassem um patrocinador privado que respondesse por eles. Duas magistradas Sonia Sotomayor e Ketanji Brown Jackson, nomeadas por Barack Obama e Biden, respectivamente, discordaram da deliberação.
“Exige quase nada do Governo em relação a danos irreparáveis. E subestima as consequências devastadoras de permitir que o Governo destrua precipitadamente as vidas e os meios de subsistência de quase meio milhão de não cidadãos enquanto seus processos judiciais estão pendentes”, escreveu Jackson, acompanhada por Sotomayor.
+ Suprema Corte autoriza Trump a cancelar proteção e deportar 350 mil venezuelanos
Deportação de venezuelanos
Na semana passada, Suprema Corte também autorizou o governo de Donald Trump a iniciar a deportação de cerca de 350 mil venezuelanos que vivem legalmente no país sob o Status de Proteção Temporária (TPS, na sigla em inglês), diferente da liberdade condicional humanitária. O programa, criado para abrigar cidadãos de países em calamidade, havia sido prorrogado até 2026 por Biden, mas será encerrado de forma antecipada.
A decisão representa uma vitória jurídica expressiva para a Casa Branca, que recorreu ao tribunal máximo para derrubar uma liminar emitida pelo juiz Edward Chen, do Distrito Norte da Califórnia. Chen havia barrado a revogação dos direitos dos venezuelanos, alegando que a medida da secretária de Segurança Interna, Kristi Noem, se baseava em “estereótipos negativos” e ignorava as graves condições humanitárias da Venezuela.
A justificativa apresentada pelo governo Trump argumentava que a liminar feria “os poderes constitucionais do Executivo nas áreas de imigração e relações exteriores”. O argumento foi acolhido pela Suprema Corte em uma decisão emergencial de apenas dois parágrafos, sem fundamentação detalhada, que deu sinal verde para a medida entrar em vigor.