Em meio à violência, presidenciáveis do Equador realizam últimas campanhas
Última semana foi marcada pelo assassinato do presidenciável anticorrupção Fernando Villavicencio e do político Pedro Briones
Em meio à insegurança, os candidatos à Presidência do Equador encerram nesta quinta-feira, 17, as campanhas eleitorais por todo o país, poucos dias antes das votações, marcadas para este domingo. A última semana foi marcada pela violência após o assassinato do presidenciável anticorrupção Fernando Villavicencio e do político Pedro Briones, filiado ao partido do ex-presidente Rafael Correa. Uma política que pleiteia vaga na Assembleia Nacional também foi alvo de um ataque a tiros, mas foi apenas atingida de raspão no braço.
Ex-legislador e jornalista, Villavicencio foi assassinado quando saía de um evento de campanha na semana passada. Ele ocupava o quinto lugar nas pesquisas, arrematando apenas 7,5% dos eleitores. Em entrevista à Rádio Caracol da Colômbia, sua esposa, Veronica Sarauz, alegou que o o candidato “estava ciente de que as ameaças contra ele eram reais”.
Apesar da onda de violência no país, mais de 13 milhões de cidadãos devem se dirigir às urnas neste final de semana para escolher o sucessor do presidente Guilherme Lasso. Em uma manobra política, o líder equatoriano dissolveu o Parlamento e antecipou as eleições para interromper seu processo de impeachment. Ele é acusado de ignorar denúncias de que funcionários do governo haviam cometido peculato, desviando verbas públicas através de um contrato da empresa estatal de transporte de petróleo Flopec. Lasso nega ter conhecimento dos supostos crimes.
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O combate ao crime assumiu, então, protagonismo entre as propostas dos presidenciáveis, somadas às promessas de melhoria da economia em frangalhos. Menos de quatro em cada 10 pessoas “economicamente ativas” tiveram um emprego adequado, que inclua benefícios ou seja superior a US$ 450 (por volta de R$ 2.240), no primeiro trimestre deste ano, segundo agências nacionais. O desemprego e o aumento da criminalidade, especialmente entre cartéis de drogas, são os principais motivos para a crescente imigração.
“O novo governo deve ser mais decidido e corajoso”, disse Milton Oleas, 67 anos, um dos indecisos, em depoimento à agência de notícias Reuters. “O presidente não pode duvidar do que fazem e deve ser valente na tomada de decisões.”
Depois do assassinato de Villavicencio, a segurança foi reforçada e alguns presidenciáveis adotaram o uso de coletes à prova de balas nos eventos eleitorais. As agendas ao redor do país também foram restringidas. Líder nas pesquisas, Luisa Gonzalez, candidata apoiada por Correa, conquista 30% das intenções de voto. Caso eleita, ela promete utilizar US$ 2,5 bilhões (cerca R$ 12,4 milhões) das reservas internacionais para sustentar a economia e retornar com programas sociais.
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“Mão firme contra o crime, contra a violência e contra as gangues criminosas, mas uma mão solidária e de amor ao nosso povo”, discursou Gonzalez no comício na quarta-feira, que contou com a participação remota de Correa. “Vamos assumir o controle do país. É hora de erguer a pátria com dignidade.”
Substituto de Villavicencio, Christian Zurita teve sua candidatura aprovada pelo Conselho Eleitoral pouco depois da morte do político. Ele defende promover melhorias nos equipamentos da polícia e aplicar protocolos de inteligência para o combate ao crime, enquanto empréstimos internacionais seriam utilizados para consolidar programas sociais. O partido do presidenciável assassinado, Construye, estava programado para encerrar as campanhas com um evento memorial em Quito, capital do Equador.