Em meio a tensões, Putin toma posse pela 5ª vez como presidente da Rússia
A cerimônia foi boicotada pelos EUA e outros países ocidentais, mas o chefe do Kremlin afirmou estar disposto a dialogar com o Ocidente
O presidente russo, Vladimir Putin, tomou posse nesta terça-feira, 7, em uma cerimônia do Kremlin, dando início ao seu quinto mandato como presidente do país. O evento foi boicotado pelos Estados Unidos e muitos outros países ocidentais.
Putin obteve uma vitória esmagadora nas eleições presidenciais em março, com 87,3% dos votos, e seguirá no poder até 2030. Com a maioria de seus opositores mortos, presos ou impedidos de disputar o cargo por motivos técnicos, as eleições foram consideradas uma farsa por seus opositores.
Os Estados Unidos, o Reino Unido, o Canadá e muitos países da União Europeia decidiram não participar do evento. A Ucrânia descreveu a cerimônia como uma tentativa de criar “a ilusão de legalidade para a permanência quase vitalícia no poder de uma pessoa que transformou a Federação Russa num Estado agressor, e o regime dominante numa ditadura”.
Yulia Navalnaya, viúva do principal opositor de Putin, Alexei Navalny, que morreu em uma prisão russa, pediu que a oposição não desista de lutar contra o chefe do Kremlin. “A cada um dos seus mandatos, tudo só piora e é assustador imaginar o que mais acontecerá enquanto Putin permanecer no poder”, disse ela.
Em seu discurso de posse, Putin afirmou que sua vitória representa a união do país e refletiu que a Rússia está no caminho certo. “Vejo nisto uma profunda compreensão dos nossos objetivos históricos comuns, uma determinação em defender inflexivelmente a nossa escolha, os nossos valores, a liberdade e os interesses nacionais da Rússia”, declarou.
Armas nucleares
Após mais de dois anos desde o início da guerra na Ucrânia, as tensões entre a Rússia e o Ocidente estão cada vez maiores. No entanto, o presidente russo afirmou em sua cerimônia de posse que o Kremlin está disposto a dialogar com as nações ocidentais sobre armas nucleares e outras questões de segurança internacional.
“A escolha é deles: pretendem continuar tentando conter o desenvolvimento da Rússia, continuar a política de agressão, de pressão incessante sobre o nosso país durante anos, ou procurar um caminho para a cooperação e a paz?”, questionou Putin.
Na segunda-feira 6, a Rússia anunciou que vai realizar um exercício militar para aprimorar suas forças nucleares, depois de alegar ter sido ameaçada pelos Estados Unidos, França e Reino Unido. Autoridades dos três países afirmaram não descartar a possibilidade do envio de soldados para lutar ao lado dos ucranianos.
Em seu novo mandato, Putin deve tentar renovar ou substituir o Tratado de Redução de Armas Estratégicas (START), que expirará em 2026. O texto limita o número de ogivas nucleares que os Estados Unidos e a Rússia podem possuir.