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Em discurso no Mercosul, Bolsonaro diz estar com ‘saudades’ de Evo Morales

Em raro momento de reconhecimento, presidente atribuiu assinatura do acordo entre o Mercosul e União Europeia aos esforços do governo de Michel Temer

Por Da Redação
Atualizado em 17 jul 2019, 15h59 - Publicado em 17 jul 2019, 15h27

Em sua primeira participação em uma reunião de cúpula do Mercosul, o presidente Jair Bolsonaro defendeu uma revisão da tarifa externa comum e uma reforma institucional do bloco. No mesmo discurso em Santa Fé, Argentina, voltou a apoiar a candidatura de Mauricio Macri à reeleição e disse sentir saudades de Evo Morales.

Em um raro momento de reconhecimento, o presidente atribuiu os avanços para a assinatura do acordo de livre-comércio entre o Mercosul e a União Europeia (UE) aos esforços do governo anterior de Michel Temer. “Nosso governo tem mérito também, mas quero deixar claro aqui que o grande passo foi dado pelo governo que nos antecedeu, o do senhor Michel Temer”, afirmou.

Durante a cúpula desta quarta-feira, 17, o Brasil assumiu a presidência rotativa do Mercosul. Em seu discurso, Bolsonaro afirmou seu compromisso com o fim dos regimes especiais dentro do bloco. “Ou as tarifas são comuns ou não são. Não queremos uma união aduaneira pela metade”, disse.

O líder brasileiro afirmou que sua Presidência estará focada na reforma institucional do Mercosul. “Para que sigamos colhendo frutos, precisamos trabalhar por um Mercosul enxuto e dinâmico”, disse.

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Bolsonaro também aproveitou o momento para condenar mais uma vez o regime de Nicolás Maduro na Venezuela e demonstrar indiretamente seu apoio à reeleição de Mauricio Macri.

“A gente sempre pede a Deus, mas apela para as pessoas de bem em todos os países — em especial na Argentina porque estou aqui hoje—, a responsabilidade do voto de cada um para que aquele que realmente tenha compromisso com a liberdade, a democracia e a prosperidade possa ocupar esse cargo majoritário em sua respectiva nação”, afirmou.

Também elogiou o argentino por sua participação nas negociações do acordo com a UE. “Macri foi ‘dez’ por todos nós lá em Osaka”, disse, em referência à cúpula de líderes do G20, no Japão. 

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Terminou dizendo que era o momento de “nos desligarmos do nosso passado”. “Meu muito obrigado a todos e que Deus abençoe a América do Sul”, disse.

Churrasco e futebol

Bolsonaro foi ainda responsável por alguns dos principais momentos de descontração da reunião de líderes. No início de seu discurso, ao saudar os demais presidentes presentes na sala, dirigiu um cumprimento especial ao esquerdista Evo Morales, chefe de Estado da Bolívia. “Morales, já estava com saudades depois que o vi na minha posse no Brasil, bem-vindo”, disse.

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O brasileiro dirigiu ainda atenção especial ao presidente chileno, Sebastián Piñera, que participava da reunião como país convidado. Disse que pretende trabalhar lado a lado com o Chile, que assumirá neste ano a presidência da Aliança do Pacífico, para aumentar a cooperação entre os dois blocos.

Bolsonaro dirigiu ainda diversos cumprimentos ao presidente chileno e aproveitou para fazer uma piada sobre o resultado da Copa América de futebol quando percebeu que Piñera estava distraído durante seu discurso.

“Bem-vindo, Piñera. O seu problema é com o Peru, não é com o Brasil, não”, disse, rindo. Durante o campeonato, a seleção chilena perdeu para a peruana na semifinal.

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Sobre a cooperação do Mercosul com demais países do globo, o presidente brasileiro afirmou que pretende aumentar os laços com Coreia do Sul, Singapura e Japão. Aproveitou para anunciar que convidou o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, para visitar o Brasil durante sua passagem oficial pelo Chile.

“Eu convidei o primeiro-ministro para passar no Brasil, de preferência na hora do almoço, para comer um churrasco”, disse. “Eu sei que o da Argentina é muito bom, mas até brinquei com ele [Abe] e disse que o da Austrália era genérico perto do nosso e do argentino, com toda certeza”.

Embaixador nos EUA

Em seu discurso, Jair Bolsonaro ainda mencionou a indicação do seu filho e deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) para o cargo de embaixador em Washington. Segundo o presidente, o bloco deve se concentrar em três áreas, sendo uma delas as negociações externas, com “zelo nas indicações das embaixadas”.

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“Compartilhamos aqui entre nós a visão de que, para cumprir o seu papel de um motor do desenvolvimento, o nosso bloco deve concentrar-se em três áreas: as negociações externas, aí com o grande apoio do meu ministro das Relações Exteriores no zelo das indicações das embaixadas, também sem mais o viés ideológico do passado, e quem sabe com um grande embaixador nos Estados Unidos brevemente”, disse.

A indicação de Eduardo ao cargo de embaixador ainda não foi confirmada. Na tarde de terça-feira 16, contudo, o presidente disse que, da parte dele, “está definido”.

A possibilidade vem gerando reações negativas até mesmo dentro da base aliada e entre os bolsonaristas nas redes sociais.

Fim do roaming

Durante a reunião de cúpula, os países do Mercosul assinaram um acordo que prevê o fim da cobrança de roaming internacional entre as nações. O pacto já havia sido anunciado pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). 

O serviço de roaming é prestado por operadoras de celular quando seu cliente está fora do Brasil. Para entrar em vigor, a medida deverá ser aprovada pelo Parlamento de cada país.

Em seu discurso, Bolsonaro anunciou o acordo e comemorou a modernização no bloco. “Aproveito para felicitar o presidente Macri [da Argentina] pelo importante acordo que assinamos nesta cúpula de eliminação da cobrança de uso de telefones celulares para quem circula entre os nossos países”, disse.

“Realmente não tinha cabimento quem estava na faixa de fronteira ser taxado mais uma vez pelo uso do celular. Temos aí um exemplo da diferença para melhor que o Mercosul pode fazer no cotidiano do cidadão.”

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