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Em Davos, Milei defende Musk após gesto semelhante a saudação nazista

Ultraliberal argentino diz que seu 'querido amigo' foi 'injustamente difamado pela ideologia woke' depois de polêmica explodir nas redes sociais

Por Amanda Péchy Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 23 jan 2025, 10h40 - Publicado em 23 jan 2025, 09h43

O presidente da Argentina, Javier Milei, defendeu o parceiro ideológico Elon Musk nesta quinta-feira 23, após o bilionário cair em controvérsia devido a um gesto que fez durante um dos eventos da posse de Donald Trump, novo presidente dos Estados Unidos. Para o ultraliberal argentino, o que a grande maioria das pessoas interpretou como uma saudação nazista foi apenas um ato “inocente”. Ele ainda destilou críticas à “ideologia woke” em um discurso inflamado no Fórum Econômico Mundial.

Musk iniciou a polêmica com duas saudações no estilo fascista, semelhantes às usadas durante o regime de Adolf Hitler, após subir ao palco da Capital One Arena, em Washington, D.C., na segunda-feira 20, para fazer um discurso breve diante de 20.000 apoiadores antes do novo presidente dos Estados Unidos chegar.

Milei disse em Davos que seu “querido amigo Musk” foi “injustamente difamado pelo wokismo nas últimas horas por um gesto inocente que significa apenas sua gratidão ao povo”.

Elon Musk em discurso na Capital One Arena, em Washington, D.C. 20/01/2025 -
Elon Musk em discurso na Capital One Arena, em Washington, D.C. 20/01/2025 – (X/Reprodução)

Internacional da direita se forma

O líder libertário elogiou o bilionário, que integrará o governo na condição de cortador-mor de todas as gorduras de despesas públicas, e outros líderes com ideias semelhantes, como Trump, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, e o presidente de El Salvador, Nayib Bukele.

“Lentamente, uma aliança internacional foi formada por todas as nações que querem ser livres e que acreditam nas ideias de liberdade”, disse ele.

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Com sinal invertido, todos estariam na mesma sintonia que os integrantes da Internacional Comunista, criada por Lênin em 1919, reunindo todos os partidos comunistas do mundo. Seus integrantes pensavam continuamente em como resolver os problemas humanos – no caso, por meio da ditadura do proletariado, o caminho para o paraíso comunista. A “internacional da direita” não tem essa homogeneidade, mas reflete as diferentes correntes que hoje têm relevância política e eleitoral.

“Vírus woke”

Milei, então, voltou sua atenção para o próprio fórum econômico. “Devo dizer que fóruns como este têm sido protagonistas e promotores da agenda sinistra do woke, que está causando tanto mal ao Ocidente”, disse ele à plateia de líderes empresariais e políticos globais, acrescentando que “o vírus mental da ideologia woke” era “a grande epidemia do nosso tempo que deve ser curada, é o câncer que deve ser removido”.

Anteriormente, Musk também bradara contra o “vírus woke”, a quem atribuiu a morte “do filho”. O CEO da Tesla e do X (antigo Twitter) tem uma filha trans, com quem cortou relações.

Gesto mais que polêmico

Na segunda-feira, em meio a agradecimentos e ao rugido da multidão na Capital One Arena, Musk fez duas saudações (consecutivas) no estilo nazista.

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“Só quero agradecer por fazerem isso acontecer”, disse o homem mais rico do planeta, em seguida dando um tapa com a mão direita no peito, dedos abertos, antes de esticar o braço direito em uma diagonal para cima, dedos juntos e palma voltada para baixo.

Em seguida, se virou para o outro lado do palco, bateu no peito novamente e voltou a esticar o braço. A Liga Antidifamação (ADL), que faz campanha contra o antissemitismo, define a saudação nazista como “levantar o braço direito estendido com a palma para baixo”.

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“Meu coração está com vocês”, disse Musk à multidão. “É graças a vocês que o futuro da civilização está garantido. Graças a vocês, teremos cidades seguras, fronteiras seguras, gastos sensatos. Coisas básicas. E levaremos o Doge para Marte”, completou, referindo-se ao chamado “departamento de eficiência governamental” e ao comentário de Trump no discurso de posse em que disse que os Estados Unidos enviariam astronautas para o planeta vermelho.

Nas redes sociais, usuários expressaram choque com o gesto de Musk. Ruth Ben-Ghiat, professora de história na Universidade de Nova York, disse no X: “Historiadora do fascismo aqui. Foi uma saudação nazista e muito beligerante também”. O Haaretz, um jornal israelense, descreveu Musk fazendo “uma saudação romana, uma saudação fascista mais comumente associada à Alemanha nazista”.

O bilionário não comentou, mas retuitou memes buscando transformar imagens em piadas. Um usuário escreveu, “Podemos, por favor, aposentar a coisa de chamar as pessoas de nazistas?”, ao que Musk respondeu, “Sim, exatamente”, e adicionou um emoji de bocejo.

Alguns usuários proeminentes de extrema direita celebraram os gestos no palco em Washington, seja qual for a intenção. Christopher Pohlhaus, o líder do Blood Tribe, um grupo neonazista, escreveu no Telegram: “Não me importo se isso foi um erro. Vou aproveitar as lágrimas por isso”. Andrew Torba, o fundador do Gab, uma rede social de extrema direita, também escreveu: “Coisas incríveis já estão acontecendo”.

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A ADL, enquanto isso, disse na segunda-feira que, em se tratando de “um momento delicado”, com muitos “nervosos” diante da posse de Trump, é preciso ter cuidado com a amplificação e a ansiedade exacerbadas pelas redes sociais.

“Parece que Elon Musk fez um gesto estranho em um momento de entusiasmo, não uma saudação nazista, mas, novamente, entendemos que as pessoas estejam nervosas. Neste momento, todos os lados devem dar um pouco de graça uns aos outros, talvez até o benefício da dúvida, e respirar fundo. Este é um novo começo. Vamos torcer pela cura e trabalhar pela unidade nos próximos meses e anos”, afirmou o texto.

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