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Em crise, Nicarágua convida entidades internacionais a investigar mortes

Presença de organismos é exigência da oposição para manter diálogos; na semana passada, atraso no envio dos convites levou à suspensão das conversas de paz

Por Da Redação
21 jun 2018, 11h18

A Nicarágua convidou organismos internacionais de direitos humanos para investigar a violenta repressão a manifestantes, que já deixou 187 mortos nos últimos dois meses, informou na quarta-feira (20) a Igreja Católica, que promove o diálogo entre governo e oposição.

O convite aos organismos de direitos humanos era um requisito fundamental para a retomada do diálogo visando tirar o país da severa crise política.

“A União Europeia, o Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos e a CIDH (Comissão Interamericana de Direitos Humanos) informaram aos bispos da Nicarágua que receberam oficialmente os respectivos convites do governo” de Daniel Ortega, publicou no Twitter Silvio Báez, arcebispo auxiliar de Manágua.

O organismo da ONU confirmou em um tuíte “que recebeu a carta do governo (nicaraguense) concedendo seu acesso ao país”. “Nossa equipe está coordenando a logística para tal visita e prontamente informaremos os detalhes”.

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O secretário-executivo da CIDH, Paulo Abrão, também informou via rede social que uma “equipe técnica do Mecanismo Especial de Acompanhamento para a Nicarágua chegará a Manágua na próxima terça-feira com a tarefa de acompanhar a Comissão de Verificação e Segurança da Mesa de Diálogo e apoiar a sociedade civil”.

Abrão revelou ainda que em julho irá à Nicarágua o Grupo Interdisciplinar de Especialistas Independentes (GIEI), que a CIDH e a OEA formaram em maio passado para apoiar as investigações sobre a violência nos protestos contra o governo.

A presença de especialistas da ONU, CIDH e União Europeia é um dos compromissos que o governo assumiu na sexta-feira passada (15) com a oposição para manter o diálogo. Porém, um atraso por parte do governo no envio dos convites levou a Aliança Cívica – integrada por estudantes, empresários e sociedade civil – a abandonar a mesa de negociação na segunda-feira.

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Os especialistas dos organismos internacionais apoiarão o trabalho da Comissão de Verificação e Segurança que governo e oposição criaram a partir do diálogo.

A Nicarágua completa hoje 65 dias desde que se iniciou a crise sociopolítica mais sangrenta desde 1980 – cujo presidente também era Daniel Ortega – e que custou a vida de pelo menos 187 pessoas.

Os protestos contra Ortega e sua esposa, a vice-presidente Rosario Murillo, começaram em 18 de abril contra fracassadas reformas da seguridade social e se transformaram em um movimento que pede a renúncia do presidente, depois de 11 anos no poder, em meio a acusações de abuso e corrupção.

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(Com AFP e EFE)

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