Em cerimônias distintas, Biden e Trump marcam 11 de setembro
Enquanto candidato democrata participou de evento em Nova York que contou com presença do vice-presidente, Mike Pence, Trump seguiu para Pensilvânia
Embora em chapas adversárias nas eleições presidenciais de novembro, o candidato democrata, Joe Biden, e Mike Pence, vice do presidente Donald Trump, participaram juntos em Nova York de um evento para marcar os 19 anos dos ataques de 11 de setembro.
Com máscaras, os dois encostaram os cotovelos, ao invés de apertar as mãos, para se cumprimentar, como forma de proteção ao novo coronavírus. Ambos assistiram à cerimônia ao lado de suas esposas e permaneceram de pé, a poucos metros de distância.
O vice-presidente leu uma passagem bíblica, enquanto Biden, que além de candidato à Presidência foi vice durante o governo de Barack Obama, não discursou.
A jornalistas, Biden disse: “Não vou falar nada que não seja sobre o 11/9. Retiramos toda a publicidade eleitoral hoje. É um dia solene. Vamos manter assim”.
Cerca de 200 pessoas, incluindo o governador de Nova York, Andrew Cuomo, participaram da cerimônia, na qual familiares, em vídeos gravados, leram os nomes das quase 3.000 pessoas mortas quando dois aviões sequestrados bateram nas Torres Gêmeas. Um terceiro avião caiu no Pentágono, enquanto um quarto caiu em Shanksville, Pensilvânia, quando passageiros tentaram conter os sequestradores.
Os republicanos organizaram uma cerimônia rival simultânea, também com parentes das vítimas, a duas quadras do memorial do 11/9, que deveria contar com a presença do ex-prefeito republicano Rudy Giuliani.
Trump, por sua vez, viajou com sua esposa, Melania, para a Pensilvânia, estado crucial para as eleições de 3 de novembro. O presidente deixou de lado sua retórica agressiva para enfatizar o patriotismo e a unidade nacional.
“Nos dias e semanas após o 11/9, cidadãos de todas as religiões, de todas as origens, cores e crenças se uniram, rezaram juntos, ficaram de luto juntos e reconstruíram juntos”, disse Trump. “Neste dia, nos unimos como uma nação”.
A Pensilvânia foi democrata durante muito tempo, até que, em 2016, o republicano Trump venceu no estado, contribuindo para sua inesperada vitória sobre Hillary Clinton. Agora, os democratas querem a revanche.
Tradicionalmente, as cerimônias do 11 de Setembro “são desprovidas de retórica política e são dedicadas a homenagear as vítimas dos ataques”, afirmou Robert Shapiro, professor de Ciência Política da Universidade de Columbia. No entanto, o evento é altamente midiatizado, “onde o simples fato de estar presente, de mostrar liderança e empatia, permite marcar pontos”, acrescentou
“Portanto, (os candidatos) aproveitam a ocasião, ao mesmo tempo em que silenciam temporariamente a retórica corrosiva habitual”, completou Shapiro. O fato de ambos viajarem para a Pensilvânia, onde as últimas pesquisas mostram uma disputa acirrada entre os dois candidatos, ilustra seus “cálculos óbvios”.
As cerimônias de 11/9 marcam uma trégua, mas esta pode ser curta, como aconteceu há quatro anos. Em 2016, a então candidata democrata Hillary Clinton participou da cerimônia em Nova York, ao contrário de Trump, seu adversário. Ela passou mal e teve que sair antes do fim do evento.
O médico da ex-secretária de Estado revelou que dois dias antes ela havia sido diagnosticada com uma pneumonia, mas preferiu deixar em segredo. Trump explorou o episódio a seu favor, com piadas sobre a democrata.
(Com AFP)