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Egito: ex-premiê volta ao Cairo e nega rapto

Família acusou as autoridades egípcias de terem sequestrado Ahmed Shafiq; por telefone ele negou as acusações

Por Carolina Marins Atualizado em 4 jun 2024, 17h38 - Publicado em 4 dez 2017, 12h25

Dias após anunciar a intenção de concorrer à presidência do Egito, o ex-primeiro-ministro Ahmed Shafiq, que estava há cinco anos exilado nos Emirados Árabes Unidos, foi deportado de Abu Dhabi, retornou ao Cairo, foi dado como desaparecido e reapareceu.

Shafiq deixou os Emirados no sábado, mas como não foi visto pela família desde que retornou ao seu país natal, a filha do ex-premiê acusou as autoridades egípcias de o terem sequestrado . Em entrevista ao vivo por telefone à televisão local, no entanto, o presidenciável negou as acusações no domingo à noite.

A história permanece envolta em mistério, e nem mesmo o motivo pelo qual o ex-primeiro-ministro foi deportado foi explicado, mas as suspeitas recaem sobre o vídeo veiculado pela rede Al Jazeera no qual ele declara que pretende se candidatar à presidência. Nele, Shafiq afirma que planejava fazer uma viagem europeia para promover a sua campanha e acusa as autoridades dos Emirados Árabes de o impedirem de sair do país.

“Fiquei surpreso ao saber que estou impedido de sair dos Emirados Árabes Unidos, por razões que não entendi e não estou disposto a entender”, disse ele em sua declaração. “Eu rejeito qualquer intervenção nos assuntos do Egito que me impeça de participar de um direito constitucional e de uma santa missão para servir meu país”.

Pelo Twitter, o ministro de Relações Exteriores dos Emirados Árabes Unidos, Anwar Gargash, negou que houvesse qualquer obstáculo para a saída de Shafiq do país. “[Shafik] se refugiou nos Emirados Árabes Unidos e fugiu do Egito após os resultados das eleições presidenciais de 2012. Nós o apresentamos a todas as facilidades e hospitalidade generosa apesar das nossas severas reservas sobre algumas de suas posições”, disse Gargash.

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Logo em seguida à veiculação do vídeo, a advogada de Shafiq, Dina Adly, postou no Facebook que seu cliente havia sido preso e seria deportado. O presidenciável chegou ao Cairo no sábado à noite (horário local) e testemunhas disseram tê-lo visto entrar em um Mercedes no aeroporto. Um jornal estatal afirmou que ele havia feito registro em um hotel.

Após perder as eleições para Mohammed Morsi em 2012, Shafiq se exilou nos Emirados Árabes Unidos. Durante o exílio, ele foi condenado no Egito por corrupção. Em 2014, Morsi foi deposto por militares e substituído por Abdul Fattah al-Sisi e Shafiq foi absolvido das acusações. Shafiq foi primeiro-ministro por apenas um mês no governo de Hosni Mubarak durante a Primavera Árabe.

 

Acusação de sequestro

Em gravação de voz enviada pela filha do candidato, Amira Ahmed Shafiq, à agência de notícia Bloomberg, ela afirmou que seu pai havia sido sequestrado e que seu direito de ter acesso a um advogado estava sendo negado. Ela expressou a intenção de processar as autoridades egípcias.

No entanto, em entrevista ao vivo por telefone a um canal egípcio, Shafiq negou que pudesse ter sido sequestrado e garantiu que estava hospedado em um hotel, mas não informou qual.

No domingo, a advogada de Ahmed Shafiq disse que o havia encontrado em um hotel no Cairo e que ele estava em ótimo estado de saúde. O motivo pelo qual ele preferiu ir a um hotel em vez de se encontrar com a família é desconhecido.

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Segundo a mídia egípcia, outro possível candidato a presidência, Coronel Ahmed Konsowa, foi preso. O coronel teria tentado se demitir das forças armadas para poder concorrer ao cargo de presidente, no entanto, teve seu pedido negado. De acordo com o jornal Al-Mesryoon, ele está sendo investigado por “publicar um vídeo politicamente afiliado e abusar de seu cargo militar”.

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