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Draghi diz que continuará como premiê da Itália se coalizão sobreviver

O líder italiano apresentou sua renúncia na semana passada, após o colapso de sua aliança. Como saída da crise, ele exige união

Por Da Redação
Atualizado em 20 jul 2022, 09h52 - Publicado em 20 jul 2022, 09h46

O primeiro-ministro da Itália, Mario Draghi, que apresentou sua renúncia na semana passada após uma rebelião em sua ampla coalizão de unidade nacional, pediu aos partidos rebeldes do país para se unirem nesta quarta-feira, 20, como condição para que ele permaneça no cargo.

“O único caminho a seguir, se quisermos ficar juntos, é reconstruir de cima este pacto, com coragem, altruísmo e credibilidade”, disse Draghi em um discurso ao Senado italiano, que deve conduzir um voto de confiança ao premiê nesta quarta e quinta-feira.

Draghi disse que os clamores públicos para que o governo continue eram “impossíveis de ignorar”.

“A Itália é forte quando sabe estar unida”, disse ele, chamando o período de existência da coalizão de “milagre” para a Itália, mas acrescentando que motivações políticas “infelizmente” levaram os partidos a buscarem se distinguir, enfraquecendo “o desejo de avançar juntos.”

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A rebeldia de alguns partidos deixou a Itália à beira da instabilidade novamente, após um período de relativa calma, progresso e expansão da influência sob a liderança do atual premiê. Draghi fez do país uma parte essencial da frente única da Europa contra a Rússia em resposta à guerra na Ucrânia, além de se destacar nos esforços para reconstruir as economias europeias em meio à pandemia.

Agora, muito depende dos partidos italianos aceitarem a oferta de Draghi, especialmente o Movimento Cinco Estrelas do ex-premiê Giuseppe Conte, que desencadeou a crise atual quando, na semana passada, não apoiou uma votação importante sobre as prioridades de gastos do governo. Isso motivou renúncia de Draghi, que Sergio Mattarella, presidente da Itália, rejeitou.

Draghi disse ao Parlamento nesta quarta-feira que a revolta do Cinco Estrelas significava “o fim” do pacto de confiança que alimentou seu governo e que era inaceitável. Se um partido pode se rebelar, qualquer um “poderia rebelar-se”, alertou. Ele disse que, por ter sido nomeado primeiro-ministro interino e não eleito diretamente, sua legitimidade dependia de “o maior apoio possível”.

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Se o premiê não receber o apoio que pediu, ele renunciará definitivamente. Muitos analistas acreditam que Mattarella pedirá eleições antecipadas, já em setembro, que Draghi gostaria de evitar.

Em seu discurso ao Parlamento, ele repetiu que a eficácia do governo e sua capacidade tomar decisões rápidas estava enraizada em uma unidade nacional que “era a melhor garantia de uma democracia legítima”. Segundo ele, a unidade permitiu à Itália sair da pior fase da pandemia, cortar a “burocracia inútil” que desacelerou o país e voltar e ver crescimento econômico.

“O mérito dessas conquistas foi seu”, disse Draghi ao Parlamento. “Nunca tive tanto orgulho de ser italiano”.

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No entanto, muitos analistas acreditam que o Parlamento não poderia realizar muitos feitos sem Draghi e sua reputação de estadista europeu sênior que salvou o euro como presidente do Banco Central Europeu.

O Senado ainda tem horas de debate pela frente, e ninguém tem certeza do que qualquer um dos partidos fará, de olho em seus interesses pessoais. O Cinco Estrelas, repleto de facções em guerra, está em uma situação particularmente delicada: a decisão sobre ficar ou sair do governo pode fragmentar a legenda e causar deserções.

Não ficou claro se Draghi renunciaria sem o apoio do Cinco Estrelas caso muitos de seus membros desertassem para apoiá-lo.

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“O que deveria ser a vingança de Conte contra Draghi se tornou a auto-sabotagem do ex-primeiro-ministro, cujas limitações políticas ficaram expostas”, escreveu Stefano Folli, comentarista político do jornal italiano La Repubblica. “Independentemente do fim da história, o Cinco Estrelas está fadado a um papel marginal”.

O Cinco Estrelas, que conquistou 33% dos votos em 2018 e, como resultado, ainda é o maior partido do governo. Desde então, desmoronou.

O partido perdeu cerca de dois terços de seu apoio nacional e pode ser dizimado na próxima disputa eleitoral. A decisão de Conte de ir contra a coalizão na semana passada foi vista como um esforço para recuperar parte da identidade anti-establishment do partido, há muito perdida. O tiro parece ter saído pela culatra.

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Draghi deixou claro que seu governo não cederia às exigências do Cinco Estrelas, como oposição ao apoio militar à Ucrânia e à construção de novas instalações de gás para dar à Itália independência energética da Rússia.

Fora do governo, a coalizão de direita do partido Liga, liderada pelo nacionalista Matteo Salvini; Forza Italia, liderada pelo ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi; e os Irmãos da Itália, de extrema-direita, liderados por Giorgia Meloni, são as que lideram as pesquisas caso haja uma eleição antecipada.

Salvini e Berlusconi prometeram não estar no mesmo governo do Cinco Estrelas, mas também não querem arriscar sua credibilidade – especialmente com uma comunidade empresarial que gosta de Draghi – sendo vistos como aqueles que derrubaram o governo.

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