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‘Dólar blue’ ultrapassa os 1.000 pesos pela primeira vez na Argentina

Vendida no mercado paralelo, a moeda sofre com tensões eleitorais e novas medidas do governo para tentar estancar a saída de divisas do país

Por Da Redação
Atualizado em 10 out 2023, 14h19 - Publicado em 10 out 2023, 14h06

O “dólar blue”, comercializado no mercado negro, é a principal cotação usada na Argentina para a moeda americana. Nesta terça-feira, 10, ela ultrapassou, pela primeira vez na história, o patamar de 1.000 pesos, dando continuidade à trajetória alta que marca o período eleitoral no país. Em comparação, a cotação oficial do dólar está na casa dos 365 pesos.

O salto ocorreu depois que, também nesta terça-feira, o governo argentino anunciou a unificação de três cotações paralelas do dólar — o solidário, Catar e tarjeta –, para abocanhar uma fatia maior em cada tipo de transação e aumentar a arrecadação às vésperas da escolha do novo presidente. Em setembro, a espiral inflacionária bateu nos 124% e o Banco Central se esforça para manter no cofre as poucas reservas que tem.

Sempre que medidas como essa acontecem, há impactos no dólar blue, porque ele circula livre da intervenção das autoridades. Devido ao cenário econômico e das incertezas eleitorais, ele já estava em ascendente.

Além do dólar blue, a Argentina possui mais de 10 outras cotações para o dólar, criadas com o objetivo de tentar conter a saída de moeda do país — além de estimular a entrada.

Na segunda-feira 9, o candidato ultraliberal à presidência da Argentina, Javier Milei, do partido A Liberdade Avança, reafirmou seus mirabolantes planos para dolarizar a economia e recomendou evitar o peso argentino. Vencedor das eleições primárias em agosto, ele é o favorito nas pesquisas para o pleito presidencial de 22 de outubro.

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“Jamais em pesos, jamais em pesos. O peso é a moeda emitida pelo político argentino, portanto não pode valer nem excremento, porque esses lixos não servem nem para adubo”, declarou ele à Radio Mitre, da Argentina.

Na mesma entrevista, Milei reiterou sua “convicção de fechar o Banco Central, o que se faz na prática dolarizando”.

“Mas depois vamos escolher a moeda que quisermos”, acrescentou.

A proposta assusta a maioria dos economistas sérios, porque para o plano sair do papel seria necessário que o país pelo menos tivesse reservas internacionais de dólar suficientes. Sem isso, não é possível garantir que a população tenha acesso à moeda americana. A Argentina, fora isso, ficaria dependente das decisões do Federal Reserve, o banco central americano, sobre questões como taxas de juros.

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