Dois anos após legalização, Tailândia recriminalizará maconha até dezembro
Primeiro-ministro Srettha Thavisin pediu que cannabis retorne para categoria 5 de narcóticos, proibindo uso recreativo; Uso medicinal ainda será permitido
O primeiro-ministro da Tailândia, Srettha Thavisin, anunciou nesta quarta-feira, 8, que a maconha retornará até dezembro para a categoria de narcóticos proibidos para uso recreativo, dois anos após o uso ter sido permitido no país. No X, antigo Twitter, ele informou que pediu ao Ministério da Saúde que “apresse a emissão de regulamentos ministeriais que permitam a sua utilização [da cannabis] apenas para fins médicos e de saúde”.
“A droga é um problema que destrói o futuro do país, muitos jovens são dependentes. Temos que trabalhar rápido, para confiscar bens (dos traficantes) e ampliar o tratamento”, afirmou, acrescentando que deseja ver “progressos claros” em 90 dias.
O premiê disse também que os problemas provocados pelas drogas, no geral, são parte da “agenda nacional” e instou o Ministério da Justiça, o Conselho de Controle de Narcóticos e a polícia a trabalharem em conjunto para “detectar, prender, suprimir e apreender mais bens, grandes e pequenos, e para maior clareza na aplicação da lei”. Para facilitar a fiscalização, o premiê solicitou às autoridades que mudassem a definição de posse de drogas de “pequena quantidade” para “um comprimido”.
“‘Não importa quantos comprimidos você tome, é errado’ se você não puder provar que é usuário, será acusado de posse sem permissão. Gostaria de pedir aos policiais que trabalhassem mais para reexaminar a intenção de serem usuários ou traficantes”, continuou.
+ Dois anos após legalização, Tailândia proíbe uso recreativo de maconha
Onda de lucro
Não se sabe ainda quando, de fato, a maconha passará a ser tratada como narcótico. Para o secretário-geral da Cannabis Future Network da Tailândia, Prasitchai Nunual, a recriminalização será um golpe e tanto para os pequenos negócios do país e os consumidores, de forma a prejudicar a economia nacional.
“Muitas pessoas têm cultivado cannabis e aberto lojas de cannabis. Estas terão de fechar”, disse à agência de notícias Reuters. “Se os resultados científicos mostrarem que a cannabis é pior que o álcool e os cigarros, então eles podem listá-la novamente como narcótico. Se a cannabis for menos prejudicial, eles deveriam listar o cigarro e o álcool também como narcóticos.”
O setor esteve em crescente expansão desde a descriminalização para o uso recreativo, em 2022, e para uso medicinal, em 2018. A Universidade da Câmara de Comércio Tailandesa estimou, antes do anúncio de Thavisin, que o valor da indústria da cannabis no país seja de até US$ 1,2 bilhão (quase R$ 6 bilhões) até 2025. A descriminalização permitiu que centenas de lojas que vendem a droga se proliferassem pelo país, em especial na capital, Bangkok, onde estão 1.200 pontos de venda.
No entanto, um show da popular banda britânica Coldplay em Bangkok, realizado em maio, causou um incômodo burburinho para o governo. Fãs que estiveram no evento reclamaram nas redes sociais que “todo o show cheirava a maconha”, aumentando a pressão de conservadores para que medidas mais rígidas contra a droga fossem implementadas. No mesmo mês, o Ministério da Saúde adiantou que o governo de Thavisin proibiria a substância através de um projeto de lei.