Diante da posse do rival Trump, Biden emite perdões preventivos para sua família
Medida impede possível retaliação do novo presidente dos EUA, que dispõe do aparato estatal para processar inimigos; outros críticos receberam indultos

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, em suas últimas horas no cargo, emitiu perdões preventivos nesta segunda-feira, 20, para seus irmãos, James e Frank, sua irmã, Valerie, e os cônjuges de seus familiares. A medida ocorreu pouco antes da posse do rival republicano, Donald Trump, que ao longo da campanha prometeu “vingança” e “retribuição” contra inimigos.
“Minha família foi submetida a ataques e ameaças implacáveis, motivados unicamente pelo desejo de me machucar — o pior tipo de política partidária. Infelizmente, não tenho motivos para acreditar que esses ataques acabarão”, disse Biden em comunicado.
Ele acrescentou que acredita “no Estado de Direito” e está “otimista de que a força de nossas instituições legais acabará prevalecendo sobre a política”.
No entanto, ele acrescentou, “investigações infundadas e politicamente motivadas causam estragos nas vidas, segurança física e segurança financeira de indivíduos visados e suas famílias. Mesmo quando os indivíduos não fizeram nada de errado e acabarão sendo exonerados, o simples fato de serem investigados ou processados pode prejudicar irreparavelmente suas reputações e finanças”.
Esse anúncio de última hora veio depois que o presidente perdoou seu filho, Hunter Biden, no mês passado, que foi condenado por porte ilegal de arma e sonegação de impostos – uma ação que ele havia prometido não tomar anteriormente, e pela qual foi criticado tanto por republicanos quanto por democratas.
Também nesta segunda-feira, Biden distribuiu indultos ao general Mark Milley, que atuou como presidente do Estado-Maior Conjunto durante o primeiro mandato de Trump e o chamou de “fascista”; a Anthony Fauci, que virou saco de pancadas da direita após comandar a resposta americana à pandemia de covid-19; e a membros e testemunhas do comitê do Congresso que investigou a invasão de trumpistas ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021.
Em declaração, Biden afirmou que essas pessoas “não merecem ser alvos de processos injustificados e politicamente motivados”.
“Nossa nação depende de servidores públicos dedicados e altruístas todos os dias. Eles são a força vital da nossa democracia. Ainda assim, é alarmante que servidores públicos tenham sido submetidos a ameaças e intimidações constantes por cumprirem fielmente seus deveres”, escreveu ele, que também concedeu um indulto à ex-deputada republicana Liz Cheney, contra quem Trump jurou retaliação.