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‘Deus abençoe Trump’: cidade síria celebra bombardeio

Moradores de Khan Sheikhun, alvo do ataque químico, elogiam o presidente americano pela represália contra o governo de Bashar Assad

Por Da redação
7 abr 2017, 22h42

Na cidade de Khan Sheikhun, vítima do ataque químico de terça-feira, a população ainda chora seus mortos, enquanto manifesta esperança de que os bombardeios americanos deem uma lição a seu inimigo, o presidente da Síria Bashar Assad.

“Que Deus abençoe Trump!”, grita Abu Ali, um morador dessa localidade, segundo reportou a agência France-Presse.

O ataque químico matou 86 pessoas, entre elas 30 crianças e, três dias depois da tragédia, os habitantes ainda têm dificuldade para falar sobre o que aconteceu, as famílias continuam recebendo condolências de visitantes, e as ruas seguem com pouco movimento.

Algumas horas depois da primeira ação militar americana contra o regime de Assad desde o início do conflito sírio, Abu Ali comemora os ataques dos Estados Unidos. A ofensiva teve como alvo uma base militar de onde teria decolado – segundo os americanos – o avião lançou gases tóxicos sobre Khan Sheikhun.

“É um alerta claro a Bashar Assad: chega de assassinatos e de injustiça!”, acrescenta ele, esperando que Assad, Irã e Rússia vejam nesse episódio um “sinal” sobre a “mudança do equilíbrio de forças”.

Memes de apoio a Trump

Nas redes sociais, opositores ao governo de Bashar Assad comemoram o bombardeio com memes do presidente americano. Centenas de sírios trocaram temporariamente a imagem do perfil por uma sátira a Assad em que um foto de Donald Trump aparece com os dizeres “nós te amamos”, escrito em árabe. O slogan é utilizado por Assad e divulgados nas ruas das cidades sírias. 

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O agradecimento à ação militar, no entanto, não significa apoio incondicional ao presidente americano. Em sua conta do Twitter, o usuário Obada destacou que Donald Trump é “um ser humano horrível”, mas fez uma coisa certa.

 

 

Insuficiente

Em Duma, reduto rebelde perto de Damasco, os moradores celebraram o ataque dos Estados Unidos, mas pedem mais intervenção. “Não queremos um único ataque, para que, depois, os crimes continuem”, disse à AFP Abu Shahid, de 30 anos. “É necessário um meio de dissuasão mais importante. Não acho que [os ataques] sejam suficientes”, completou.

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Alguns querem que Washington impeça os aviões sírios de sobrevoarem a região. “Na realidade, os sírios querem uma zona de exclusão aérea”, comenta Hassan Taqiddin, de 27. “Porque, no fim das contas, esses ataques têm um efeito limitado. Eles atacam um aeroporto e, então, o quê?”, desabafou.

Em Khan Sheikhun, Abu Ali recorda que “uma parte do povo sírio fugiu do país, outra está enterrada, e outra está em busca de ajuda humanitária”. “Não queremos comida. Queremos exatamente que  Trump e seu governo ponham fim a essa farsa”, frisou.

Seis anos de conflitos

O conflito na Síria começou há seis anos, com manifestações pacíficas contra o governo. Duramente reprimidas por Damasco, transformaram-se em rebelião armada. Desde então, já são mais de 320 mil mortos e milhões de deslocados.

Ao longo dos últimos meses, as tropas do governo infligiram uma série de derrotas aos insurgentes. Nos territórios rebeldes, os ataques americanos desta madrugada parecem ter trazido a esperança de volta a seus habitantes.

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“Somos agradecidos à Força Aérea americana por ter respondido ao massacre de Khan Sheikhun”, afirmou Ali al-Khaled, que mora no bairro atingido pelo suposto ataque de gás tóxico.

Segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), o ataque de Khan Sheikhun é o segundo dessa natureza desde o de 2013, no qual mais de 1.400 pessoas morrera, na região rebelde da Ghuta Oriental, perto de Damasco.

Na época, o governo de Barack Obama disse estar pronto a atacar o Exército de Al-Assad, mas a ação militar acabou sendo descartada.

(com AFP)

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